O presidente Lula (PT) fez uma cobrança direta ao ministro Paulo Teixeira (PT), do Desenvolvimento Agrário, durante uma cerimônia no Paraná relacionada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, nesta quinta-feira 29.

“O aparato estatal foi estruturado para negar demandas, quando deveria ao menos demonstrar disposição para viabilizar soluções. Essa mudança de mentalidade, Paulinho, é fundamental no Ministério do Desenvolvimento Agrário“, disse Lula.

Teixeira tem sido pressionado por dirigentes do MST, que questionam sua capacidade de enfrentar os desafios estruturais do setor. O movimento defende a substituição do ministro.

Antes da chegada de Lula ao evento, Teixeira justificou as dificuldades enfrentadas pela pasta. Segundo ele, as limitações orçamentárias são o principal entrave para a consolidação das políticas de reforma agrária.

“A redistribuição de terras demanda recursos significativos. Conquistamos o Palácio do Planalto, porém, enfrentamos uma composição parlamentar desfavorável. O Legislativo assumiu o controle de parcelas orçamentárias que deveriam ser destinadas às políticas sociais e à reestruturação fundiária”, argumentou o ministro.

Assentamento Maila Sabrina

O evento oficializou a criação do assentamento Maila Sabrina, na fronteira entre Ortigueira e Faxinal. O governo espera que a medida beneficie cerca de 450 famílias. A criação da área resultou de uma disputa judicial de mais de duas décadas.

A Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal de Justiça paranaense chegou a mediar o acordo, fechado em março. A saída foi fornecer uma compensação de 340,7 milhões de reais aos antigos proprietários do terreno. A área será incorporada ao Programa Nacional de Reforma Agrária.

A comunidade foi nomeada em 2006 como Maila Sabrina, homenageando uma criança que morreu no acampamento devido a complicações de saúde. Atualmente, a infraestrutura tem equipamentos educacionais, unidades de saúde e espaços destinados à convivência comunitária.

Lula também aproveitou o evento para fazer uma defesa do MST. “Temos o compromisso moral, ético e político de reconhecer o que testemunhamos aqui e enfrentar aqueles que se opõem ao movimento sem-terra e à reforma agrária”, disse o presidente.

“Esses críticos desconhecem os sacrifícios envolvidos e insistem em rotular vocês como invasores. Na realidade, vocês são invasores em busca de dignidade, respeito e direitos legítimos.”

A declaração reforça o alinhamento histórico entre o PT e os movimentos sociais rurais. Lula enfatizou a legitimidade constitucional da luta pela terra, argumentando que a atuação do MST visa a cumprir preceitos estabelecidos na Carta Magna.

O evento no Paraná simboliza tanto os avanços quanto os desafios do programa Terra da Gente, iniciativa governamental destinada a acelerar os processos de reforma agrária no País. A tensão exposta entre o presidente e seu ministro também revela as pressões internas enfrentadas pelo governo na implementação de suas políticas prioritárias.

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Last Update: 29/05/2025