Fernanda Torrres e Walter Salles na CNN

A poucas semanas do Oscar 2025, o diretor Walter Salles concedeu uma entrevista exclusiva à CNN americana e destacou a atualidade do filme “Ainda Estou Aqui”, que representa o Brasil na premiação.

Segundo ele, a obra ganhou um novo significado diante das revelações da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de estado perpetrada por Jair Bolsonaro e sua corja.

“Enquanto o filme era acolhido pela audiência no Brasil, ficamos sabendo pelas investigações da Polícia Federal que havia um plano para matar o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice-presidente Alckmin. É, mais do que nunca, um filme sobre hoje”, afirmou o cineasta à jornalista Christiane Amanpour.

Salles explicou que a produção do longa levou sete anos para ser concluída, devido à complexidade das pesquisas necessárias para retratar a história com autenticidade. No entanto, ele também ressaltou que parte desse tempo se deveu ao contexto político do país.

“Durante quatro anos, o país virou para a extrema-direita, e nunca teríamos tido a possibilidade de filmar durante esse período”, disse o diretor. “Portanto, o filme é produto do retorno da democracia ao Brasil.”

O diretor enfatizou que, inicialmente, a equipe via o projeto como um olhar para o passado da ditadura brasileira. No entanto, a realidade política recente deu um novo sentido à obra.

“No meio do lançamento do filme, percebemos que era também um filme sobre o nosso presente. À medida que o clima político começou a mudar, acho que foi isso que realmente uniu toda a equipe e os atores. Tivemos a impressão de que estávamos fazendo um filme para os dias atuais e não apenas sobre um período sombrio da história brasileira”, explicou.

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui” narra a história de Eunice Paiva, que lutou incansavelmente para descobrir o paradeiro do marido, o ex-deputado Rubens Paiva, preso e desaparecido durante a ditadura militar. Além de se tornar um dos principais símbolos da busca por justiça no Brasil, Eunice fez carreira como advogada e defensora dos direitos das comunidades indígenas.

O filme concorre ao Oscar 2025 em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva. A premiação será realizada no dia 2 de março.

 

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Last Update: 16/02/2025