A detenção do ex-ministro da Defesa, General Braga Netto, na manhã de 14 de dezembro, gerou uma grande comoção. No entanto, ao contrário do que alguns setores da imprensa e da esquerda tentam sugerir, a prisão do general não enfraquece, mas fortalece o bolsonarismo. Essa prisão se insere na discussão da chamada “tentativa de golpe”, um inquérito criado para perseguir os bolsonaristas e as suas lideranças.
A acusação de que houve uma tentativa de golpe de Estado é uma farsa. Ele é baseado em um fato e em uma investigação da sempre suspeita Polícia Federal (PF). O fato é que, em 8 de janeiro, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fizeram uma manifestação com a ocupação das sedes dos três poderes. O fato para por aí: não há nada que comprove que de fato houvesse a intenção de derrubar os poderes constituídos. Pelo contrário: ninguém foi encontrado portando armas e a manifestação foi desfeita sem episódios de grande repressão.
Já a investigação da PF aponta que militares e aliados de Bolsonaro teriam discutido um plano para assassinar o presidente Lula e outras autoridades. Em nenhum momento, no entanto, qualquer um deles levou adiante o plano. Trata-se de um “crime” puramente intelectual, o que não existe na Constituição.
É por isso que, em vez de enfraquecer o bolsonarismo, a prisão de Braga Netto tem o efeito oposto: ela fortalece ainda mais o movimento de extrema direita. Isso ocorre porque, para os seguidores de Bolsonaro, essa é mais uma prova de que há uma perseguição política em curso, liderada pelo STF e pela grande imprensa. O movimento bolsonarista, longe de se fragilizar, tende a se radicalizar em sua oposição ao regime político, vendo os seus líderes perseguidos como heróis perseguidos por uma ditadura.