A campanha para a autossuficiência energética na África

No início de julho, o conselho de ministros da Organização Africana de Produtores de Petróleo decidiu que a sede do novo Banco Africano de Energia (BAE) será localizada na Nigéria.

O BAE é uma iniciativa que, segundo o analista Vsevolod Sviridov à emissora russa RT, tem o potencial de se tornar uma das estruturas financeiras mais influentes de toda a África, tanto no setor de energia quanto no setor financeiro como um todo. O Banco Africano de Energia foi fundado pelo Afreximbank e pela Organização dos Produtores de Petróleo da África – organização criada em 1987 para desenvolver a cooperação intra-africana no setor de energia. Essas organizações também são responsáveis pela maior parte do capital inicial do banco.

Segundo o estatuto do banco, este terá um capital inicial de 5 bilhões de dólares. Sendo US$1,5 bilhão fornecidos pela Afreximbank e pela Organização dos Produtores de Petróleo da África. Outros US$1,5 bilhão serão de responsabilidade dos países membros do banco – sendo US$ 83 milhões a contribuição mínima para participar do banco. Os US$2 bilhões restantes serão obtidos através de investidores externos.

Nigéria e Gana já são contribuintes do banco, Argélia e Benin também já são membros. Angola, Egito, Costa do Marfim, Líbia, África do Sul e outros estão interessados em aderir ao acordo.

A criação deste banco é um importante passo no processo de independência energética e econômica da África. A África vive sob uma pilhagem sem fim operada por países como a França, o Reino Unido e os Estados Unidos. Os principais depósitos minerais, instalações de transporte e logística, energia e infraestrutura portuária permanecem sob o controle de empresas imperialistas.

Através de think tanks, ONGs e empresas de desenvolvimento, o imperialismo promove um programa de rapina do setor de energia africano, utilizando-se de normas técnicas, atos legais regulatórios e estatutos em vigor desde o período colonial para tomar de assalto o mercado africano.

A falta de investimento e a dependência no setor energético da África é brutal. O BAE é, deste modo, uma tentativa de corrigir o problema. Como apontado pelo secretário-geral da Organização Africana de Produtores de Petróleo, Omar Farouk Ibrahim:

“Durante demasiado tempo, a indústria africana do petróleo e do gás esteve dependente do financiamento fora de África (…). Este banco não é apenas uma instituição financeira, é um marco na busca por autonomia energética africana

Um dos fatores utilizados como artimanha pelos bancos imperialistas para não financiar projetos que poderiam promover uma maior independência energética na África é a crise climática. ONGs ambientalistas pressionam – ou melhor, são pagas para pressionar – os credores internacionais para que estes não financiem projetos que de fato teriam impacto no sistema de energia destes países. Os únicos projetos que não sofrem esta pressão estão ligados à exportação para países imperialistas.

Como consequência, os banqueiros internacionais apoiam projetos ligados à energia renovável. Contudo, estes projetos são incapazes de atender a demanda da população do continente. Apesar de serem uma solução relativamente barata, painéis solares e turbinas eólicas são incapazes de produzir energia suficiente para abastecer um grande centro urbano ou uma fábrica – estes tipos de energia são considerados energias complementares, sendo necessárias fontes como hidrelétricas, nucleares, termoelétricas, etc. Ibrahim destacou que a “África não se pode dar ao luxo de abandonar o petróleo e o gás à pressa, enquanto a maioria da sua população vive sem acesso à energia”.

Desta maneira, a industrialização de todo um continente fica paralisada. O imperialismo impede o desenvolvimento da indústria africana ao barrar os projetos energéticos que poderiam abastecer este setor econômico.

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