A tendência do governo Lula em seu terceiro mandato é de defesa da economia nacional, no entanto, isso é algo que a burguesia não pode permitir, pois a política que o imperialismo pretende levar adiante no país é a neoliberal, a destruição econômica do Brasil.

Lula, por sua vez, não enfrenta o problema de maneira correta, ao invés de mobilizar a população, fica entre a pressão da burguesia e a tentativa de levar o país a uma condição de soberania. Nessa luta, o imperialismo termina por boicotar qualquer tentativa do governo federal em direção a esse caminho.

Recentemente, o governo Lula tomou medidas em relação à economia que merecem destaque, uma em relação à Petrobras, algo que fortalece a economia estatal, e outra que fortalece a iniciativa privada através do incentivo à montadora francesa Renault.

No último dia 15, o presidente da república, juntamente com a presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, participaram da reabertura da Fábrica de Fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A (Ansa), na região metropolitana de Curitiba, Paraná.

A fábrica produz anualmente 720 mil toneladas de ureia, 475 mil toneladas de amônia e 450 mil m³ do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32).

A fábrica havia sido fechada durante o governo Bolsonaro, no ano de 2020. Lula disse aos trabalhadores presentes: “A gente não está só recuperando uma fábrica de fertilizantes, a gente não está fazendo só investimentos na Repar, a gente está cuidando de recuperar a autoestima deste país, o orgulho do povo brasileiro e o orgulho da gente ser brasileiro, porque o trabalhador, o que vale para nós é ter o emprego garantido, ter um salário justo e cuidar da nossa família com decência e com respeito. É esse o sonho de todos nós”.

Sobre a Petrobrás, o presidente declarou: “Muitas vezes, eu ficava deprimido e chorava quando ficava sabendo de notícias de que os companheiros, trabalhadores da Petrobrás entravam no restaurante para comer, ou no bar, e muitas vezes eram chamados de ladrão, porque eles (a imprensa capitalista e a Lava Jato) conseguiram criar no imaginário daqueles que não gostam de nós a ideia de que todo mundo na Petrobrás era ladrão, inclusive aqueles que eram responsáveis pela grandiosidade da Petrobrás, que eram os seus trabalhadores”, “Eu já falei para Magda que eu quero voltar para visitar o prédio da Petrobrás, entrar na sala dela com essa camisa e dizer: a Petrobrás é do povo brasileiro”.

Devido ao discurso e emoção de Lula ao participar do evento, fica claro que é essa política que de fato o presidente gostaria de levar adiante, no entanto, como está sempre entre o não enfrentamento ao imperialismo e a soberania nacional, a pressão imperialista acaba prevalecendo na correlação de forças.

Ainda no dia 15 de agosto, o presidente Lula visitou a sede da Renault em São José dos Pinhais, também no estado do Paraná, nesta ocasião esteve acompanhado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o eterno tucano, ex-governador do estado de São Paulo.

Segundo a empresa, desde sua atuação no Brasil, foram investidos no país R$12 bilhões, para o período de 2023 a 2025, a empresa promete investir mais R$2 bilhões.

No evento, Lula comentou: “Investimento que gera desenvolvimento para o país e emprego e renda para a população. Estamos falando de um setor que representa um quinto da indústria de transformação nacional e emprega direta e indiretamente mais de 1 milhão de pessoas”, e continuou: “Não por acaso, desde que assumi este governo, já anunciamos investimentos de cerca de R$ 130 bilhões da indústria automobilística para os próximos anos”.

O tucano Alckmin aproveitou o momento para fazer demagogia: “É o líder dos trabalhadores da indústria e tem o compromisso de fazer a indústria crescer” disse ao se referir ao presidente e também não deixou de bajular o setor privado. “E outra boa notícia são os investimentos do Renault no país, de R$ 5,1 bilhões entre 2021 e 2026”, comentou.

Percebe-se uma diferença de postura ao tratar com o setor privado, até a presença do vice-presidente serviu para passar mais credibilidade para uma multinacional.

Porém, o alto investimento no ramo não fortalece a economia de maneira tão efetiva como o investimento no setor estatal, pois conta com a promessa de uma empresa imperialista, que no fim das contas não possui qualquer compromisso com o desenvolvimento nacional e muito menos com o bem-estar dos trabalhadores.

O lucro resultante do investimento no setor privado irá beneficiar somente os investidores daquela empresa e também acabará sustentando ainda mais os banqueiros imperialistas que vivem de sugar a economia dos países atrasados principalmente.

É necessário um enfrentamento real à burguesia imperialista por parte do governo Lula e investir de maneira mais incisiva no setor estatal da economia, pois assim os lucros se revertem em favor do povo brasileiro.

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Última Atualização: 19/08/2024