Semanas atrás, este GGN publicou uma série de reportagens sobre o imbróglio envolvendo a demissão do procurador da Lava Jato Diogo Castor de Mattos, o mentor do outdoor que propagandeou a imagem da República de Curitiba em seus anos dourados.

Por conta do outdoor, Castor, que está afastado da força-tarefa da Lava Jato, foi condenado à perda de cargo no Ministério Público Federal pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Mas por questões burocráticas, a demissão só poderia se dar mediante uma ação civil pública que sofreu um revés na Justiça.

Contra a decisão dos tribunais do Paraná em manter Castor nos quadros do MPF, a Procuradoria-Geral da República sob Paulo Gonet designou o procurador Elton Venturi para recorrer. Mas não foi o que aconteceu de fato.

O GGN revelou detalhes dos bastidores dessa crise dentro da PGR, com o gabinete de Venturi tendo informado a membro do Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia que não iria recorrer e que se Gonet quisesse, ele mesmo teria de fazer o recurso. Divulgamos, em primeiro mão, o trecho do áudio dessa ligação que foi gravada. Procurado em dezembro, Venturi não respondeu às perguntas enviadas pela nossa reportagem.

Sua autodefesa saiu agora, em 21 de janeiro, na manifestação que teceu contra uma a arguição de suspeição movida pelo Coletivo de Advogados pela Democracia, com o objetivo de remover Venturi do caso de Castor de Mattos a tempo de fazer valer o prazo para recurso.

É que além da gravação mostrando que Venturi supostamente teria desacatado a ordem do PGR, o Coletivo sustentou a existência de um manifesto em apoio à Lava Jato subscrito pelo procurador na condição de professor universitário.

Venturi negou tudo. Disse que o funcionário de seu gabinete, gravado sem autorização, prestou informações equivocadas e sem sua autorização sobre o andamento do recurso. Afirmou que só juntou o parecer (que é contra recorrer no caso de Castor de Mattos) com “anuência” da PGR. Que não teria, portanto, se “rebelado” contra a PGR.

Também alegou que jamais assinou qualquer manifesto expressamente em favor da Lava Jato, mas sim em defesa da democracia e das instituições. Por fim, argumentou que o Coletivo de Advogados e Advogadas pela Democracia tenta atacar a Lava Jato por meio do caso de Castor de Mattos, que responde sozinho e está com o cargo em risco, e também afirmou que o Coletivo não têm competência para arguir sua suspeição.

Em resposta, o Coletivo afirmou que Venturi tergiversa porque “não tem argumentos”. O grupo aponta inépcia na atuação de Venturi, que tratou equivocadamente a ação civil pública como um “processo administrativo” para alegar a incompetência dos advogados que acionaram a PGR pela sua suspeição. Além disso, reafirma o interesse público na questão, mesmo que como cidadãos que pagam a remuneração dos agentes públicos envolvidos no imbróglio.

Leia, abaixo, a manifestação na íntegra:

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Last Update: 28/01/2025