Por Adilson Araújo, presidente da CTB
A nova alta da Selic determinada nesta quarta-feira (7) pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, despertou forte indignação no movimento sindical e em amplos setores da sociedade brasileira.
A taxa básica de juros subiu para 14,75% e lidera o ranking mundial dos juros reais para vergonha e desgraça da maioria dos brasileiros e brasileiras.
Os efeitos desta política perniciosa são notórios: redução dos investimentos e do consumo, configurando um freio cruel, e infelizmente eficaz, ao crescimento do PIB.
Na concepção enviesada dos diretores do Banco Central, incluindo o seu presidente, Gabriel Galípolo, o Brasil não pode crescer, estando condenado à estagnação econômica e ao desemprego em massa.
O pretexto, contestado por inúmeros economistas, é conter a inflação, mas o motivo real, mascarado nos comunicados do Copom, é bem outro.
As decisões de política monetária não são neutras ou meramente técnicas, respondem a interesses econômicos e políticos bem concretos.
No ano passado, os detentores dos títulos da dívida pública abocanharam mais de R$ 1 trilhão dos cofres governamentais.
Este dinheirama, que evidentemente não cai do céu, é subtraído no orçamento de verbas destinadas à saúde, educação, habitação, infraestrutura e outros investimentos públicos.
Trata-se, a bem da verdade, de uma transferência brutal de renda do povo brasileiro para um pequeno grupo de banqueiros e rentistas, que restringe a política fiscal, sacrifica o desenvolvimento nacional, acelera a concentração da renda nacional e precariza o SUS e a educação pública.
As relações indecorosas e perigosas entre autoridades monetárias e o sistema financeiro foram escancaradas pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, que mal saiu da presidência do BC já vai assumir um novo cargo no Nubank como Vice-Chairman e Chefe Global de Políticas Públicas da instituição – e também integrará o Conselho de Administração da Nu Holdings como membro não independente.
Infelizmente, o povo brasileiro ainda não adquiriu consciência das graves consequências da política monetária impulsionada por Campos Neto e mantida por seu sucessor, Gabriel Galípolo, que foi indicado por Lula por sugestão do ministro Haddad.
Isto não nos fará desistir da luta pela redução substancial da taxa Selic, assim como dos spreads extorsivos cobrados pelos bancos.
A agiotagem é hoje a inimiga número 1 do Brasil, é nosso dever travar contra ela e seus beneficiários uma guerra sem tréguas e redobrar os esforços para conscientizar a classe trabalhadora sobre o tema e ampliar a luta, atraindo todos os setores prejudicados.
O desenvolvimento nacional não pode ser sacrificado no altar profano da aristocracia financeira.