Deirdre Nansen McCloskey. Foto: Divulgação

Por Moisés Mendes

Os brasilianistas foram figuras decisivas para a compreensão do Brasil pós-golpe de 64, porque eram estrangeiros escrevendo sobre o que os brasileiros geralmente não podiam escrever.

O americano Thomas Skidmore foi um dos mais famosos deles, apontado até como espião da CIA. Mas a coisa se banalizou, quando ser brasilianista saiu de moda, e agora temos americanos chutando sobre o que seria o Brasil. Geralmente chutam pela direita e para fora.

Uma das chutadoras, que escreve para a Folha, é a economista Deirdre Nansen McCloskey, apresentada como professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago.

É dos grandes nomes do pensamento liberal americano. Mas isso não a habilita a falar do Brasil como se fosse uma tia de Piracicaba.

Por ser assumidamente de direita (o que não a deprecia, mas a qualifica como tal), por desinformação, por arrogância e por achar que compreende o Brasil, Deirdre chuta essa em seu artigo dessa semana, ao tentar comparar Trump e Bolsonaro:

“(…) Mas Bolsonaro não se cercou de idiotas e criminosos, como Trump pretende fazer em seu segundo mandato. No primeiro mandato, ele começou com pessoas razoáveis, embora as tenha dispensado constantemente até se tornar um carro de palhaços. O Senado dos Estados Unidos deve aprovar as escolhas do segundo mandato, mas eles obedecerão ao seu padrinho. Estamos prestes a assistir a uma reprise do filme, no estilo Washington”.

Bolsonaro e Trump. Foto: Divulgação

Não disseram à brasilianista, que escreve outras bobagens sobre o Brasil, que o que mais havia no governo de Bolsonaro eram idiotas e criminosos.

Não informaram à americana que mais de cem bolsonaristas civis e militares, que ocuparam altos cargos no governo, estão sob investigação, e não só pela tentativa de golpe.

Bolsonaro foi cercado por extremistas, negacionistas, vampiros das vacinas, racistas, milicianos digitais, homófobos, muambeiros. Mas muitos escaparam do sistema de Justiça.

Bolsonaro, um golpista indiciado, acolheu muito mais criminosos e idiotas do que a professora emérita Deirdre Nansen McCloskey pensa.

Mas ela escreve na Folha para ser lida pelo fascismo, por tratar de temas que os fascistas querem ler. É assim que funciona.

Os brasilianistas geralmente eram levados a sério e respeitados pela capacidade de juntar dados e refletir sobre o Brasil com algum fundamento. Hoje, são figuras de um Brasil paralelo.

Originalmente publicado no Blog do Moisés Mendes 

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Last Update: 05/12/2024