A atriz Ingrid Guimarães e avião da American Airlines. Foto: Reprodução

 

Imagine ser coagida por funcionários de uma companhia aérea para desocupar uma poltrona pela qual você pagou?

Foi o que aconteceu com a atriz e humorista Ingrid Guimarães, que viajava pela American Airlines e foi surpreendida pelo pedido absurdo dos funcionários.

Em vídeo publicado em suas redes sociais, Ingrid contou detalhes da situação: ela estava acomodada em sua poltrona econômica Premium – algo entre a classe econômica e a executiva – quando foi informada por uma funcionária do vôo, que saía de Nova York para o Rio de Janeiro, de que deveria mudar de lugar para a classe econômica, para dar lugar a outro passageiro da classe executiva que tivera um problema com sua poltrona.

Ao questionar o porquê de ter sido ela a escolhida para ceder seu lugar, recebeu como resposta: são as regras.

Diante da negativa da atriz, a funcionária retrucou que, caso não cedesse a poltrona pela qual pagou, Ingrid nunca mais poderia viajar pela American Airlines (?), como se fizesse um favor à cliente que contrata seus serviços.

Como se não bastasse, o cunhado da atriz se envolveu na confusão para defendê-la e um dos comissários o mandou “calar a boca”, e quando finalmente um brasileiro foi chamado para intervir, sua solução foi dizer à passageira que ela sairia dali por bem ou por mal.

Como Ingrid se recusava, os funcionários anunciaram que todos os passageiros seriam obrigados a desembarcarem do vôo.

Pressionada por todos os outros passageiros, ela cedeu, mas denunciou a companhia aérea pela situação constrangedora e abusiva.

Uma prestadora de serviços “boicotando” uma cliente por não conseguir obrigá-la a abrir mão da própria poltrona para resolver um problema que era unicamente da companhia já é absurdo o suficiente, mas coagir todos os outros passageiros e obrigá-la a ceder ultrapassa o limite do aceitável.

A American Airlines trata o consumidor como pedinte, e não como pagante. Dizer que o respeito ao cliente inexiste é chover no molhado, mas me ocorre a pergunta que a própria atriz fez aos comissários: por que ela?

Os funcionários chegaram a justificar a escolha: “você é uma mulher viajando sozinha”. (?)

A escolha da companhia sobre quem deveria abrir mão do próprio lugar foi abertamente motivada pelo gênero.

Além do desrespeito, a incoerência: não pode uma mulher viajar sozinha sem ser importunada até mesmo pela própria companhia aérea?

Ingrid não declarou se processaria a companhia, mas especialistas em direito do consumidor apontam que a situação abusiva pode ser geradora de direito a danos morais – e na verdade não precisa ser especialista pra saber disso.

Coagir um cliente a levantar de seu assento para o conforto e comodidade de um passageiro da classe executiva é, desculpem o termo chulo, um esculacho.

Acaso os comissários gringos soubessem que se tratava de uma atriz famosa, talvez tivessem mantido o respeito, mas, para uma “brasileira qualquer”, o que sobra é o abuso.

Depois de ter desocupado o próprio lugar, a atriz recebeu um documento que lhe dava direito a 300 dólares pelo constrangimento. 300 dólares são o suficiente para pagar pela humilhação perpetrada por uma “latina qualquer”.

Por que não escolheram uma mulher nova-iorquina? Por que não um homem viajando sozinho?

Agora, a companhia – que já se manifestou em nota – veio com todo aquele blablabla de desculpas públicas e informou que um membro da equipe se desculpou pessoalmente com a atriz.

Desculpa é o cac*te.

Não pode a companhia responsabilizar os funcionários como se eles não fossem treinados para coagirem passageiros de classe econômica a cederem seus lugares a ricaços da classe executiva.

Ao dizer que está “apurando a questão”, o que a companhia diz na verdade é que vai punir os funcionários, mas isso não é solução que se preze, porque esse tipo de tratamento ao cliente é claramente uma orientação da própria empresa – caso contrário, não teriam vários funcionários seguido o caminho de humilhar a passageira.

Embora não sejam os maiores culpados, os funcionários da companhia escolheram, covardemente, alguém que julgaram facilmente passível de coação.

Enganaram-se.

Que a mesma autenticidade que Ingrid demonstrou ao lidar com a situação – e ao expô-la em suas redes sociais – esteja presente em um tribunal, e que a American Airlines – que vergonha! – pague, além da indenização, a exposição e o boicote de passageiros que se absurdaram com tamanha falta de respeito.

Esculacho no dos outros é refresco.

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Last Update: 11/03/2025