Marcelo Rubens Paiva e Alessandra Negrini no Acadêmicos do Baixo Augusta: o escritor foi agredido na ocasião. Foto: Reprodução

As esquerdas devem ter muito cuidado, diante das agressões do fascismo, para não correr o risco de reproduzir métodos que seriam só do inimigo?

As esquerdas devem, por exemplo, permitir que um bolsonarista jogue na rua uma mochila na cabeça de um cadeirante, sem que ninguém no entorno reaja para conter o sujeito, como aconteceu em São Paulo?

Compartilhei no meu perfil no Facebook um texto de Kiko Nogueira, publicado no DCM, que reflete sobre essa omissão. Por que ninguém que estava na rua, quando Marcelo Rubens Paiva foi agredido, esboçou uma reação? Por que esse acovardamento coletivo?

Mas algumas reações ao compartilhamento do texto foram fortes. Mesmo que, pelos comentários, a maioria ache que as esquerdas perderam a capacidade de se impor nesse tipo de enfrentamento, alguns sugeriram que Nogueira cometeu o erro de propor a devolução das agressões físicas.

O jornalista viu o seguinte. Um militante bolsonarista apareceu no desfile de um bloco de Carnaval só para agredir Paiva (por ser filho famoso de uma vítima da ditadura?) e faz o que fez porque ninguém iria reagir mesmo.

Não há a sugestão de uma agressão física como resposta. Mas um gesto de imposição física de contenção do agressor. É assim que funciona. Sempre foi assim. Agressores não podem ser contidos com gentilezas.

O agressor de Marcelo Rubens Paiva num bloquinho em SP. Foto: Reprodução

Alguém tem que assumir, de preferência chamando reações coletivas, a iniciativa de oferecer direito de defesa a uma pessoa que não consegue andar, para conter um fascista agressor de cadeirante.

É só isso. Alguém tem que defender um cadeirante, mas sem conversinha fiada no meio da rua. E não adianta só chamar a polícia, porque a polícia não é onipresente e só aparece depois que os agressores sumiram. Como esse sumiu.

Ninguém está incitando violências, nem a formação de milícias para proteger cadeirantes (o texto não sugere, como alguém insinuou, nada disso), e muito menos que as esquerdas façam o que a extrema direita vem fazendo.

O que Kiko Nogueira disse é que chega de expressar só indignação diante de qualquer afronta, incluindo as físicas, de fascistas que atacam gays, negros, mulheres, cadeirantes e tudo que for diferente, porque eles ficam impunes.

Indignação, nesses casos, não significa nada. Nada. Zero. E na maioria das vezes expressa apenas acovardamento.

Não joguem pérolas aos porcos e não ofereçam rosas aos fascistas. Compartilho abaixo o link para o texto de Nogueira, antecipando que posso discordar de detalhes, mas no que é essencial concordo com tudo que ele escreveu:

A falta de reação para a agressão vil sofrida por Marcelo Rubens Paiva diz muito sobre a esquerda

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Last Update: 25/02/2025