A senadora Marina Silva e Marcos Rogério no Senado Federal. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Nesta semana, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede Sustentabilidade-SP), foi alvo de ataques e ofensas durante uma audiência parlamentar no Senado Federal, .O senador Marcos Rogério (PL-RO) afirmou que era necessário separar a mulher da ministra, dizendo que “a mulher merecia respeito, mas a ministra, não”.

O episódio reacendeu o debate sobre o machismo no Congresso Nacional, tema que permanece presente no cotidiano de mulheres parlamentares, apesar de ocuparem cargos de poder e influência. Senadoras e deputadas relatam que, mesmo dentro do Parlamento, enfrentam obstáculos como interrupções constantes, deslegitimação das falas, intimidações e, em casos extremos, agressões físicas.

Ao g1, A deputada Delegada Katarina (PSD-SE) classificou o machismo no Legislativo como “violência velada” que visa minar a presença e a força das mulheres. Segundo ela, esse tipo de agressão não é apenas explícito, mas também sutil e persistente.

Com 34 anos de mandato, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que já foi vítima de agressões físicas e ameaças dentro do Congresso. Em uma ocasião recente, foi ameaçada por um colega que sugeriu ações violentas contra opositores. Jandira destaca que projetos relacionados a gênero costumam sofrer rejeição automática, mesmo quando o termo é utilizado em contextos neutros, como “gênero alimentício”.

Deputada Jandira Feghali durante discurso no plenário da Câmara dos Deputados. Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

A desigualdade de gênero no Parlamento brasileiro é evidente nos números. Mulheres ocupam apenas 18% das cadeiras na Câmara dos Deputados e cerca de 20% no Senado, contrastando com os 51,5% da população feminina no país, segundo o IBGE. A senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) citou episódios em que foi convidada a ceder seu lugar para homens, mesmo exercendo cargos elevados, e lembrou ofensas que desmereceram sua função legislativa.

Embora não tenha testemunhado agressões explícitas, a senadora Teresa Leitão (PT-PE) ressaltou que percebe um desconforto quando mulheres contestam homens no plenário. Ela defende avanços estruturais para fortalecer a participação feminina, como cotas para candidaturas e mais tempo de televisão.

Desde 2013, foram registradas 86 denúncias formais de violência política de gênero na Câmara dos Deputados, incluindo interrupções, ameaças e constrangimentos. A partir de 2021, a Lei contra violência política de gênero passou a punir esses atos com penas que podem chegar a quatro anos de prisão, além de multa e proibição de propaganda eleitoral depreciativa.

O caso de Marina Silva evidencia o desafio enfrentado pelas mulheres na política. Durante a audiência, o senador Marcos Rogério (PL-RO) interrompeu repetidas vezes a ministra, cortando seu microfone e afirmando que ela deveria “se pôr no seu lugar”. Marina rebateu dizendo que não seria uma “mulher submissa”. Em resposta, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) fez distinção entre a mulher e a ministra, dizendo que a primeira merecia respeito, mas a segunda, críticas.

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Last Update: 01/06/2025