Bolsonaristas durante atos golpistas em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Foto: Reprodução/Agência Brasil

Políticos bolsonaristas que hoje defendem a anistia aos participantes dos atos golpistas de 8 de Janeiro tinham uma visão diferente sobre quem eram os responsáveis pelos ataques às sedes dos três Poderes no início de 2023.

Na época, alegavam ou sugeriam que os ataques foram obra de infiltrados da esquerda ou de uma suposta articulação do presidente Lula (PT) para descredibilizar o bolsonarismo. No entanto, até hoje, não há qualquer evidência de que os participantes do 8 de Janeiro fossem “esquerdistas infiltrados”.

Com o passar do tempo, esses mesmos bolsonaristas tornaram-se defensores anistia, argumentando que os manifestantes eram cidadãos comuns, incluindo idosos, mães e donas de casa.

A tese de que os manifestantes seriam pessoas comuns e pouco perigosas foi contestada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, durante o julgamento que tornou réus Bolsonaro e outros sete acusados de integrar a trama golpista de 2022.

Moraes afirmou: “Pessoas de boa-fé acabam sendo enganadas pelas pessoas de má-fé que, com más intenções e milícias digitais, acabam dizendo que eram velhinhas com a Bíblia na mão, com batom e foram lá só passar um batonzinho na estátua”.

A seguir, veja exemplos de políticos que, em 2023, defendiam a ideia de infiltrados no 8 de Janeiro, mas que hoje apoiam a anistia aos envolvidos:

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal licenciado:

“Eu duvido que uma investigação bem feita, André Fernandes, autor da CPMI, que ela não vai encontrar diversos infiltrados. Certamente o PT está querendo esconder seus apadrinhados que colocou lá para incentivar esses atos”, disse em discurso na Câmara em 7 de março de 2023.

Em 3 de abril de 2025, o discurso já era outro: “O que estamos assistindo é uma perseguição judicial, essas pessoas são presas políticas, é a narrativa necessária para Alexandre de Moraes dizer que Bolsonaro tinha uma tropa para fazer um golpe de Estado. A anistia é uma pauta prioritária.”

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O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) durante manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Reprodução

Carlos Jordy (PL-RJ), deputado federal:

“Alô, Alexandre de Moraes! Esses petistas infiltrados que promoveram o caos e vandalismo ontem serão responsabilizados? Lula, quer fazer intervenção federal para conter seus vassalos?”, disse em 9 de janeiro de 2023, um dia após os ataques em Brasília.

Porém, em 16 de março deste ano, ele disse: “Uma mãe de família separada de seus filhos porque escreveu de batom na estátua da Justiça ‘perdeu, mané’ respondendo por diversos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, isso é uma bizarrice, isso na verdade nem deveria ter anistia.”

Filipe Barros (PL-PR), deputado federal:

“Fica cada vez mais claro: O governo Lula forjou a quebradeira do dia 8/1 e construiu a narrativa de ‘tentativa de golpe’ objetivo: Criminar a oposição, desmobilizar o povo e censurar as redes”, afirmou em 19 de abril de 2023.

Já neste ano, disse: “Seguimos insistindo na urgência da anistia. Para quem tem parente preso injustamente, cada dia é uma eternidade. O restabelecimento da justiça não pode ficar para depois.”

Eduardo Girão (NOVO-CE), senador:

“Foi a direita? Foi a esquerda? Foi infiltrados?”, disse em 20 de abril de 2023.

O discurso, porém, mudou em maio deste ano: “A história de golpe não tem o menor cabimento, não tinha Exército, sem arma nenhuma. Totalmente diferente da turma que teve anistia lá atrás [na ditadura militar], que sequestrava embaixador, assaltava banco e usava arma.”

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Last Update: 30/05/2025