Nesta terça-feira (27), o portal norte-americano de notícias Axios noticiou que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, alertou Benjamin Netaniahu, primeiro-ministro de “Israel”, para que não realize ataques que possam sabotar as negociações em andamento entre EUA e Irã sobre o programa nuclear do país persa.
O mesmo foi noticiado por órgãos da imprensa israelense, a exemplo do Canal 12, que afirmou que se tratou de um alerta severo feito por Trump, expondo novamente as divergências entre o governo israelense e o norte-americano. Altos funcionários do governo Trump estariam cada vez mais preocupados que Netaniahu dê ordem para ataque contra as instalações nucleares iranianas, bem como ordene a realização de outras medidas que prejudique as negociações.
Conforme recentemente noticiado por este Diário, em que foram citadas informações veiculadas na emissora Press TV, Trump e Netaniahu teriam o mesmo objetivo de debilitar o programa nuclear iraniano, mas Trump seria adepto a uma tática diplomática, de convencer o Irã, enquanto que Netaniahu seria adepto da solução militar. Contudo, Trump já declarou que “a segunda opção [a opção militar] continua sobre a mesa”.
Por diversas vezes, o Irã, através de seu Ministério das Relações Exteriores, que encabeça as negociações, já declarou que o enriquecimento de urânio é uma linha vermelha, do qual o país persa não irá abrir mão.
Ainda na terça-feira, o porta-voz do Ministério, Esmaeil Baghaei, declarou à emissora norte-americana CNN que “os iranianos não seriam condescendentes com nenhum tipo de pressão“, acrescentando que “quando se trata de usar essa linguagem, os iranianos falarão em uníssono e certamente defenderemos nossa segurança nacional”. Falando sobre o programa nuclear, ele afirmou que “se a intenção [dos EUA] é privar os iranianos do direito à energia nuclear pacífica, acho que isso seria muito problemático, a ponto de realmente desafiar todo o processo”.
Ele já havia declarado na segunda-feira (26) que o “enriquecimento de urânio, como parte inseparável da energia nuclear pacífica do Irã, deve definitivamente ser mantido, e não faremos o menor compromisso a esse respeito“.
No mesmo sentido foi a recente declaração do parlamentar iraniano Behnam Saeedi, membro da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa: “a equipe de negociação iraniana defenderá firmemente os direitos do país e não recuará”. Ele também destacou que as negociações devem ter como objetivo também o levantamento total das sanções impostas pelo imperialismo norte-americano ao país.
Sobre as sanções, destaca-se que parte delas são aplicadas contra o programa de mísseis balísticos intercontinentais do Irã, programa que contribuiu significativamente para tornar o país persa um força de dissuasão contra a intervenção imperialista no Oriente Próximo, o que foi obtido através das Operações Promessa Cumprida I e II, realizadas em 2024 em defesa da Palestina, contra os territórios ocupados por “Israel”.
As mais recentes sanções contra o programa balístico do Irã entraram em vigor em meados de maio, tendo como alvo seis pessoas e 12 empresas (incluindo várias na China) por suas negociações com o Irã. Em declaração, o Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, declarou que “os Estados Unidos não podem permitir que o Irã desenvolva mísseis balísticos intercontinentais“. Ele afirmou que a produção de mísseis e componentes internamente, por parte do Irã, “representam uma ameaça inaceitável aos Estados Unidos e à estabilidade da região“.
Nesta quarta-feira (28), Trump falou abertamente sobre as ameaças de ataque de “Israel” contra as instalações nucleares iranianas e sobre a conversa telefônica que teve com Netaniahu recentemente. Falando a jornalistas na Casa Branca, ele disse ter informado ao primeiro-ministro israelense que um ataque ao Irã “seria inapropriado de fazer agora porque estamos muito perto de uma solução“.
No mesmo dia, o jornal norte-americano The New York Times noticiou que o primeiro-ministro israelense “continua pressionando por uma ação militar que prejudicaria a iniciativa do presidente Trump de chegar a um acordo negociado”.
A respeito da alternativa militar contra o Irã, o The Wall Street Journal, um dos porta-vozes da burguesia imperialista, avalia que “essa opção não o atrai [Trump], pois requer um apoio militar dos EUA”, acrescentando que “mais atraente para o Sr. Trump é continuar conversando, desencorajar a ação militar israelense e adotar a ‘pressão máxima’”. Ao final da coluna publicada no WSJ, avalia-se que “dadas todas as centrífugas avançadas e os locais subterrâneos de enriquecimento de urânio cada vez mais profundos e à prova de bombas, a opção militar está se tornando menos crível. Para Israel, é agora ou nunca”.
Ao mesmo tempo, o Irã segue fortalecendo suas alianças regionais. Também na terça-feira, o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, declarou em sua conta no X que “o Paquistão valoriza o papel do Irã na Ummah (nação) muçulmana e espera promover objetivos mútuos de paz, desenvolvimento e harmonia”.
A declaração foi feita um dia após sua visita ao país persa, ocasião em que se encontrou com o líder da República Islâmica, o aiatolá Saied Ali Khamenei, bem como com o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.
Sharif informou que conversou com Khamenei sobre questões bilaterais e regionais de interesse mútuo. Khamenei, por sua vez, elogiou a posição firme do Paquistão sobre a Palestina e a resistência de Islamabade às pressões para normalizar os laços com o regime israelense, conforme noticiado pela emissora Press TV: “sempre houve tentações para os países muçulmanos nos últimos anos de estabelecer relações com o regime sionista, mas o Paquistão nunca foi afetado por essas tentações”, disse o líder do Irã ao primeiro-ministro paquistanês.
Khamanei exortou para que seja realizada uma ação “conjunta e eficaz” para pôr fim aos crimes israelenses na Faixa de Gaza, igualmente observando que a nação muçulmana global desfruta de potenciais inexplorados para usar na resistência às potências belicistas do mundo.