Mais de 117 mil imóveis na Região Metropolitana de São Paulo ficaram sem energia elétrica na última quarta-feira (28) após um vendaval que atingiu a capital, segundo a concessionária Enel, empresa italiana que opera no setor elétrico brasileiro. O problema que afetou 50 mil clientes até a manhã seguinte, no entanto, não decorre apenas dos ventos de 64 km/h registrados pelo Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da Prefeitura, mas da falta crônica de manutenção na rede elétrica da cidade mais rica do Brasil. Apesar de o Brasil ter a segunda tarifa de energia mais cara do mundo, com custo médio de R$0,92 por kWh, conforme ranking da Conectada Energia, a infraestrutura elétrica permanece vulnerável, expondo a negligência da concessionária.
A falta de investimento em manutenção é evidente: relatórios da própria Aneel indicam que a concessionária destinou apenas 12% de sua receita de 2023 para modernização da rede. A fragilidade da rede elétrica paulistana reflete o custo de se privatizar o serviço, o que eleva tarifas para garantir a lucratividade sem nenhuma garantia quanto à qualidade.
Segundo a Conectada Energia, apenas a Colômbia supera o Brasil em custo de energia, enquanto países como Argentina e México cobram até 50% menos. Na principal cidade do País, a tarifa residencial média atingiu R$1,05 por kWh em 2025, conforme a Enel, enquanto interrupções frequentes afetam 30% dos bairros periféricos mensalmente, segundo a Defensoria Pública.
A negligência da concessionária contrasta com os lucros de R$3,2 bilhões reportados em 2024. A Enel atribui os problemas a fatores climáticos, mas não explica a falta de poda preventiva de árvores ou reforço em postes, medidas que poderiam reduzir 40% dos apagões, conforme estudo da Universidade de São Paulo (USP).
O apagão expõe a falência do sistema energético privatizado. A reestatização total do setor é urgente para garantir investimentos em infraestrutura, reduzir tarifas e assegurar um serviço público confiável
Só assim a população deixará de sofrer com a ganância das concessionárias, que transformam um direito básico em privilégio inacessível.