Reparação da verdade
Todos se beneficiam com a redução das desigualdades socioeconômicas promovida pelas políticas de cotas. Uma sociedade plural, composta de trabalhadores e trabalhadoras com formação superior, representa o remédio mais eficaz contra diversos males da nossa sociedade – inclusive aqueles que parecem insolúveis, como o avanço do crime organizado.
Williams Costa Cantanhede
Havia receio de que a entrada de pobres, negros e indígenas pudesse reduzir a qualidade do ensino nas universidades públicas, reconhecidas por sua excelência. O que se viu, no entanto, foi o oposto: a diversidade trouxe significativos ganhos sociais e científicos, tornando a universidade, enfim, mais universal. Ainda assim, os detratores das cotas seguem ignorando os resultados concretos da ação afirmativa – e a história de mais de três séculos de escravidão no Brasil.
Adilson Gonçalves
Quando o grupo Racionais MC’s lançou a música Capítulo 4, Versículo 3, nos anos 1990, estudantes negros representavam apenas 2% das matrículas nas universidades federais. Doze anos após a implementação da Lei de Cotas, esse número chegou a 49%. A ação afirmativa contribuiu para democratizar o ensino superior no Brasil, abrindo as portas a grupos historicamente excluídos. É a política de inclusão mais efetiva das últimas duas décadas. Quem nega a importância das cotas não entende nada sobre educação. Nem sobre o Brasil.
Claudio Carvalho
Na batida das ruas
O presidente Lula não é eterno e precisa preparar seu sucessor. O ministro Fernando Haddad é uma opção, mas sua popularidade, por outro lado, é dinamitada pelo chamado “mercado”. Boulos também possui sua rejeição, mas mantém um diálogo eficaz com os movimentos sociais. Por isso é tão importante trazê-lo para dentro do governo, uma forma de testar seu feeling e carisma. Tanto o fim da desumana jornada 6×1 quanto a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais são bandeiras fundamentais para reconquistar o apoio dos trabalhadores, sobretudo os mais jovens. Vamos ver se o deputado Guilherme Boulos é tão bom em um gabinete como é na arena dos movimentos sociais.
Paulo Sérgio Cordeiro Santos
Entendo as preocupações do PSOL. Como de hábito, o PT quer ser sempre o grande astro do campo progressista, em torno do qual toda a militância deve girar como satélite. Espero que o Boulos, que sempre foi lulista, não vire as costas para o PSOL e saiba respeitar, dentro do possível, a posição do seu partido.
Willian Gouvêa
Um oceano de possibilidades
Se conseguirmos superar o paradigma de JK, de transportar tudo sobre pneus, o plano de integração latino-americana representa uma grande oportunidade. Mas também será preciso vencer o ranço ideológico em relação à República Popular da China. Talvez valha a pena resgatar o pragmatismo dos militares nos anos 1970, quando o governo Ernesto Geisel reatou relações com os chineses e reconheceu os regimes socialistas das ex-colônias portuguesas na África.
Cesar Augusto Hulsendeger
