O governo Lula está sendo bombardeado por todos os lados, e mesmo aqueles que dizem apoiar o governo protegem seus sabotadores, como vemos no artigo Depois de Janja, a vez de Marina enfrentar o cerco do fascismo, de Moisés Mendes, publicado nesta terça-feira (27) no sítio Brasil 247. Desde o início, Mendes defende a golpista que fugiu do debate nos seguintes termos:
“Marina Silva foi cercada pela alcateia bolsonarista no Senado por ter entrado na fila de espancamento da extrema direita. Foi desrespeitada e teve de se levantar e ir embora porque toda situação com tensão política, envolvendo mulheres e fascistas, terá desfechos semelhantes.”
A ministra foi chamada ao Senado para esclarecer à Comissão de Infraestrutura sobre a criação de uma unidade conservação marinha na Margem Equatorial. Trata-se de mais um obstáculo para o Brasil explore o petróleo na região.
Marina Silva, no entanto, para fugir, disse que teria sofrido “violência de gênero” porque o senado Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que “a mulher [Marina Silva] merece respeito; a ministra, não”. E a sabotadora se retirou da sessão.
A fala do senador não foi de modo nenhum machista, misógina, ou desrespeitosa. Uma pessoa, qualquer uma, que ocupe um cargo público, pode receber críticas, as mais duras, como era o caso.
Moisés Mendes distorce a realidade ao dizer que “são previsíveis os ataques, a valentia de Marina e a covardia do entorno hétero”. É justamente o contrário: a ministra se acovardou e correu, não teve nada de valentia.
O autor ainda compara com outra situação, diz “como aconteceu mais de uma vez nos duelos da deputada Maria do Rosário com o então deputado Bolsonaro no plenário e no salão verde da Câmara”. São coisas completamente diferentes, mas ele se utiliza da comparação para dar razão à ministra infiltrada.
A fala identitária do artigo segue solta, trazendo que “machos olham de longe, no ambiente que é deles, no espaço corporativo de homens que fazem concessões às mulheres, mas não se metem nas falas machistas dos colegas de Congresso”. Como se vê, o debate sobre a sabotagem à nossa soberania, a tentativa de impedir que exploremos nossas riquezas, é substituído por outros temas que não têm importância.
Mendes diz que “mulheres são alvo preferencial do fascismo, ao lado de negros, indígenas, gays e todos os diferentes”. Essa afirmação não passa de demagogia identitária. O alvo principal dos fascistas são os trabalhadores. Na Alemanha nazista, antes da perseguição aos judeus, 60 mil sindicalistas foram presos, torturados e mortos. E os nazistas eram protegidos pelo mundo civilizado, o mesmo que assiste os nazistas que atuam hoje no genocídio perpetrado na Faixa de Gaza.
O autor diz que “não importa o contexto, o conjunto de uma sessão pretende ser esclarecedora sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Importam os 20 segundos que irão sintetizar um ataque”. Ou seja, não importa se milhões de pessoas, e a metade disso será de mulheres, que continuarão na pobreza. O que importa, para os identitários, é se uma mulher diz ter se sentido ofendida, o resto que se dane.
O jornalista pergunta “o que teremos depois da cena no Senado? Teremos as comadres da GloboNews, com seu feminismo de jardinagem, escandalizadas com o que aconteceu. Notas de entidades diversas e de políticos e políticas. Editorial no Estadão e homenagens à bravura de Marina”. É bem provável que Marina seja defendida pela imprensa burguesa, não a respeitem, mas porque cumpre um papel importante na defesa de interesses estrangeiros, os mesmos que PIG (partido da imprensa golpista) defende, como a não exploração do petróleo.
Desqualificar para não debater
Como se não bastasse defender a golpista, Mendes aproveita para defender um dos ministros do STF que votou pela prisão de Lula: “mas ali, na hora, naquele momento, não aconteceu, como nunca ocorre, o que deveria acontecer. Ali, quando Marina era cercada pelas hienas da extrema direita, alguém tinha de tentar imitar o que Alexandre de Moraes vem fazendo nas sessões do STF que ouve advogados e testemunhas do golpismo: parou. Era o momento de dar um tranco”.
A esquerda, que se diz democrática, anda rasgando a seda para juízes autoritários e pede truculência, quer que a coisa vá na base do tranco. Advogados não conseguem exercer seu ofício, mas a esquerda “democrática”, a que jura defender o estado democrático de direito, mostra a face, deixa cair a máscara.
Assim como fez Marina Silva, conhecida por suas relações com George Soros, da Open Society, Mendes foge ao debate. Apela à suposta macheza, dizendo que em defesa da ministra sabotadora, “a reação forte de um macho no momento em que muitos deles testemunham agressões de extremistas misóginos”.
Identitarismo é reacionário
Como já dissemos inúmeras vezes, o identitarismo é uma ideologia de direita que surgiu nos Estados Unidos e foi encampada pela esquerda mundial. Os identitários não discutem de maneira honesta. Quando não têm argumentos, apelas para misoginia, machismo, patriarcado, lugar de fala, ou simplesmente se retiram acusando os outros de violência, etc.
Marina Silva, ao impedir que o Brasil explore o petróleo, está prejudicando milhões de mulheres, mas os identitários dizem que é inadmissível agredir uma mulher (com todas as aspas do mundo para a “agressão” do caso em questão). Então, o que dizer quando se trata de milhões?
A exploração de petróleo pode melhor a vida de uma população extremamente carente, tudo isso está sendo boicotado para manter o privilégio de magnatas. Trata-se de um crime lesa-pátria. Os identitários, no entanto, ficam fazendo discursos morais enquanto a população passa fome.