O identitarismo é uma ideologia infiltrada na esquerda a serviço do imperialismo, como deixa claro o artigo Ataque ao licenciamento ambiental conta com silêncio de Lula e facilita exploração de petróleo na margem equatorial, assinada por Diego Nunes e publicada no sítio Esquerda Diário, do MRT (Movimento Revolucionário de Trabalhadores), nesta segunda-feira (26).
Uma das missões dos identitários é sabotar o desenvolvimento nacional sob o disfarce de proteger a natureza. Um exemplo disso está logo no trecho do artigo que diz: “a maior boiada ambiental está passando sob o silêncio do governo Lula, que quer avançar na exploração de petróleo em toda a Margem Equatorial”.
Nunes afirma que “o PL 2159/2021, que passou no Senado, versa para muito além da exploração de petróleo em meio a demagogia da transição energética”. Só se esqueceu de dizer que quem está fazendo demagogia é o imperialismo com apoio dos identitários.
“Transição energética” é um jogo de palavras utilizado para enganar as pessoas, como se a humanidade só não troca sua matriz energética porque não quer. Além de ser uma enganação. Por exemplo, para se produzir uma placa de energia solar, uma energia supostamente limpa, é preciso gastar muito petróleo. Desde a mineração do silício, seu transporte, purificação e transformação, são gastas quantidades enormes de energia. O mesmo se pode dizer das turbinas eólicas.
Ninguém deve ser contra a produção de placas solares ou turbinas eólicas, mas vender isso com energia verde é uma enorme mentira. Ainda assim, é preciso defender a constante pesquisa e desenvolvimento dessas tecnologias.
Essas duas fontes de energia citadas são incapazes de substituir a produção de energia hidrelétrica, termelétrica ou nuclear. Por enquanto, no máximo, podem compor um sistema de fornecimento de energia elétrica. Vale destacar que os falsos defensores da natureza também protestam contra a construção de hidrelétricas e mal podem falar em usinas nucleares.
Jogando contra
Nunes faz uma proposta absurda, defendendo que “é preciso que as centrais sindicais saiam da paralisia e levantem rapidamente uma forte campanha nacional contra este brutal ataque ao meio ambiente, que será sentido por toda a classe trabalhadora e coloca povos originários, ribeirinhos, quilombolas e comunidades tradicionais em risco”.
O que o autor do artigo não sabe, ou finge não saber, é que os povos que citou sonham em ter acesso à eletricidade, à internet, querem – como acontece com Diego Nunes – poder utilizar um computador, tomar um banho quente sem ter que cortar e queimar madeira.
É quase uma loucura pedir que as centrais sindicais lutem contra o desenvolvimento da economia, que gera mais empregos, melhores salários e melhora o padrão de vida dos trabalhadores.
Uma das táticas dos identitários é criar um clima de medo, como se o mundo fosse acabar amanhã. E sempre tentam recorrer a supostas autoridades para embasarem suas “opiniões”. O parágrafo que reproduzimos abaixo é bastante esclarecedor:
“Diversos ambientalistas e organizações tem se manifestado sobre o absurdo que é a aprovação deste PL como: o Observatório do Clima, o SOS Mata Atlântica, o Instituto Socioambiental (ISA), o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), o Greenpeace Brasil, o Painel Mar, a Conectas Direitos Humanos, a WWF-Brasil, Instituto Arayara, o World Animal Protection Brazil. É um verdadeiro escândalo internacional a menos de seis meses da COP30 prevista para acontecer em Belém no estado do Pará.”
A maioria dessas organizações são conhecidas por serem financiadas pela CIA, por banqueiros como George Soros, e o pelo grande capital internacional, que não dá a mínima pela natureza. Enquanto os financiadores dessa gente queima florestas para produzir carvão, dizem que no Brasil não se deve tirar uma planta do lugar. Mas fazem isso porque eles mesmos querem vir aqui oportunamente para explorar as riquezas.
Não pode nada
Os identitários querem proibir tudo. Nunes diz que “outros empreendimentos que pretendem destruir com a vida de populações indígenas e provocar destruição da fauna e da flora por onde passar é a Ferrogrão. Um corredor ferroviário de 933 km que pretende ligar Sinop no estado de Mato Grosso ao porto de Miritituba no estado do Pará”.
Esses sabotadores do Brasil infiltrados na esquerda reclamam do petróleo, da queima de combustíveis fósseis. No entanto, quando se pretende construir ferrovias, que gastam muito menos combustíveis, também não pode. É uma completa loucura. Além disso, uma ferrovia vai gerar inúmeros empregos e desenvolver as regiões por onde passar.
A ironia é que um entreguista como Nunes alerta para o “governo de conciliação de Lula/Alckmin”, pois “governa para o agro e para os interesses dos grandes capitalistas”. Exatamente, o Estado burgues foi feito para proteger os interesses dos capitalistas, o que não significa que temos de nos opor ao desenvolvimento econômico.
Diego Nunes acusa que “essa real face da política ambiental do governo Lula é a da continuidade de um pacto extrativista para os países da América Latina”. O que o texto deixa claro, porém, é que quem quer condenar o Brasil ao extrativismo são identitários, principalmente os que estão envolvidos com ONGs financiadas pelo imperialismo.
Essa gente atua assim no mundo todo. Na Nicarágua, por exemplo, tentam barrar a construção de um canal para ligar oceano Atlântico ao Pacífico. Por que se importam com o meio ambiente? Nada disso, é porque essa obra vai tornar obsoleto o Canal do Panamá, dominado pelo imperialismo norte-americano. Em “nome da natureza”, querem impedir um canal que vai economizar uma enorme quantidade de tempo e combustíveis.
O fingimento revolucionário
Esses grupos entreguistas militam abertamente contra a criação de empregos, contra o desenvolvimento sócio-econômico do País, ou seja, contra a classe trabalhadora. Após o festival de sandices, passam a cerrar os punhos e a gritar como se fossem grandes revolucionários.
No final ele sempre aparecem com coisas do tipo “a luta contra o PL2159 é fundamental para avançar na construção de uma oposição de esquerda ao governo Lula, que se enfrente com o pacto extrativista, a exploração da Margem Equatorial e por uma Petrobrás 100% sob controle dos trabalhadores” – grifo nosso.
“Oposição de esquerda” foi o que fizeram em 2016 apoiando o golpe contra Dilma Rousseff. Agora, enquanto a burguesia prepara uma nova fase do golpe, essa gente se apressa para estar na linha de frente golpista.
Nunes diz “se o capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo”, mas dando o crédito de que a frase ficou mal construída por inépcia e o que o autor queria dizer com “destruir” era na realidade “superar” o capitalismo para se chegar ao socialismo, um passo fundamental para isso é desenvolver a economia, não voltar para a Idade da Pedra. É preciso repudiar essa esquerda vendida, pequeno-burguesa, que quer condenar os trabalhadores, índios, ribeirinhos e quilombolas a passarem o resto da vida comendo batata.