O presidente Lula participou, na tarde desta quarta-feira (28), da entrega do primeiro trecho do Ramal do Apodi, na Barragem Redondo, no sertão paraibano. A obra faz parte do projeto Caminho das Águas e é considerada estratégica para a segurança hídrica do semiárido.
Quando concluído, o ramal beneficiará cerca de 750 mil pessoas em 54 municípios da Paraíba e do Rio Grande do Norte. O trecho inaugurado tem 115,5 km de extensão e conecta a Barragem Caiçara (PB) à Barragem Angicos (RN), com uma vazão projetada de 40 m³/s.
Com 74,83% das obras já concluídas, a expectativa é que todo o sistema esteja operacional até outubro de 2026. O investimento total é de R$ 1,45 bilhão.
Compromisso de décadas
Durante a cerimônia, Lula destacou a importância histórica da obra, que remonta ao século XIX. “Essa decisão foi a decisão mais importante que eu tomei na minha vida. Porque era uma obra que muita gente não acreditava que a gente pudesse fazer, porque fazia 179 anos”.
Ele lembrou que a transposição do Rio São Francisco foi idealizada em 1846 por Dom Pedro II e retomada sob sua liderança para garantir água ao povo nordestino. Lula aproveitou a ocasião para reforçar o significado do projeto para o semiárido.
“A transposição das águas do Rio São Francisco tinha como objetivo dar aquilo que Deus dá a todo mundo, que é um copo de água para beber para 12 milhões de pessoas que viviam no semiárido brasileiro”, ressaltou.
O presidente destacou que o verdadeiro impacto da obra será a chegada da água tratada às casas e propriedades rurais. “O fim da transposição não é a gente terminar essa obra, é fazer a água chegar na casa das pessoas, tratada e com qualidade”, disse.
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Ritmo acelerado
Durante a visita, Lula também assinou a ordem de serviço para a duplicação da capacidade de bombeamento no Eixo Norte do Projeto de Integração do São Francisco (PISF), com investimento de R$ 491,3 milhões.
A ampliação permitirá o aumento da vazão de 24,75 m³/s para 49 m³/s nas estações de bombeamento em Pernambuco, beneficiando 237 municípios e cerca de 8,1 milhões de pessoas.
Lula relembrou as dificuldades enfrentadas pelo povo nordestino e as que passou na própria infância. “Vocês estão lembrados do meu primeiro discurso em 2003? Eu disse: ‘Se ao terminar o meu mandato, cada mulher e cada homem nesse país tiver comendo três refeições por dia, tomando café, almoçando e jantando, eu já terei realizado a obra da minha vida’”, citou. “Somente uma pessoa que tinha passado fome. Somente uma pessoa que com 7 anos de idade carregava pote d’água na cabeça. Por isso é que eu não tenho pescoço”.
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A cerimônia faz parte do Caminho das Águas, programa que inspeciona e acelera mais de 70 projetos de infraestrutura hídrica no semiárido, no âmbito do Novo PAC.
Desde o último dia 25, a comitiva liderada pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, percorre as principais frentes de obra nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
“O que eu quero é pegar um pouquinho de água, antes dela chegar no mar, e trazer de volta para dar para o meu povo do sertão beber, comer, tomar banho e lavar”, resumiu Lula.
“Deus deixou o sertão sem água porque ele sabia que eu seria presidente da República e que eu ia trazer água para cá.”
Rio São Francisco
A transposição do Rio São Francisco é considerada a maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil e da América Latina. Foi idealizada e iniciada no governo do presidente Lula, com a meta de beneficiar 12 milhões de pessoas em 390 municípios e 294 comunidades rurais.
O projeto foi oficialmente lançado em junho de 2007, após décadas de debates sobre a necessidade de levar as águas do “Velho Chico” para regiões historicamente castigadas pela escassez de água. Foram iniciadas as principais frentes de trabalho nos dois grandes eixos, Norte e Leste, consolidando sua autoria e compromisso com o desenvolvimento social e econômico do semiárido nordestino.
Além desses grandes canais da transposição do Rio São Francisco, outros projetos de segurança hídrica como adutoras, ramais, reservatórios estão espalhados pelos sertões da Bahia, Alagoas, Piauí e Maranhão, formando o Caminho das Águas. Somando estudos e projetos em andamento, são mais de 70 ações, todas elas inscritas no Novo PAC.
Todo o Caminho das Águas estará em inspeção nos meses de maio e junho, por uma comitiva liderada pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
Da Redação, com informações da Secom