Nota de repúdio à violência política contra a ministra Marina Silva

Nessa terça-feira, 27 de maio, durante sessão na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo de um ataque político repleto de machismo institucionalizado e racismo implícito. Entre outras agressões, o Senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que “a respeita como mulher, mas não como ministra”, já o presidente da comissão, Marcos Rogério (PL-RO), mandou que ela se pusesse “no seu lugar”. Tais declarações não são apenas desrespeitosas: são exemplos flagrantes de violência política de gênero, utilizadas para constranger, humilhar e deslegitimar mulheres que ocupam cargos de poder e decisão.

Temos divergências com a política ambiental do atual governo, da qual Marina Silva é representante, cuja conciliação com o agronegócio e as multinacionais têm aprofundado a destruição de nossos biomas e a exploração de nossos povos. No entanto, isso não pode ser usado como justificativa para tolerar práticas misóginas e racistas que atentam contra a dignidade de uma mulher negra, amazônida, com trajetória de luta e reconhecimento internacional.

Se esse tipo de ataque é dirigido a uma ministra de Estado, com todas as câmeras ligadas, que tratamento será reservado às milhares de mulheres da classe trabalhadora que enfrentam o machismo nos locais de trabalho, nas escolas, nos sindicatos e nas ruas? Silenciar diante dessa violência é ser conivente com o machismo institucionalizado da qual nós mulheres trabalhadoras somos vítimas todos os dias.

Denunciamos também o método rebaixado adotado por setores do Parlamento, que seguem a cartilha da extrema direita, transformando o debate público em espetáculo de ódio e provocação em busca de curtidas e visibilidade. Esse tipo de atuação reforça o autoritarismo e a misoginia.

Repudiamos com veemência a violência sofrida por Marina Silva. Seguiremos lutando para que nenhuma mulher — seja ministra, trabalhadora ou militante — seja silenciada ou deslegitimada por ousar ocupar o espaço público com firmeza e autonomia. Porque o lugar das mulheres é onde elas quiserem estar.

São Paulo, 28 de maio de 2025

Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU

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