Donald Trump, que é pintando como o diabo na Terra tanto pelo imperialismo quanto por setores da esquerda pequeno-burguesa, começa a se indispor publicamente com o sionismo.

Segundo Kit Klarenberg, que escreve no MintPress, havia uma expectativa generalizada de os sionistas poderiam atacar Gaza com ainda maior destrutividade. Diziam que “Israel é o país de Trump”.

Em março, apesar de todo seu discurso contra as guerras, e cedendo às pressões, Trump bombardeou o Iêmen com maior intensidade que na era Biden. Agora, em maio, sem atingir o objetivo de esmagar a resistência, declarou o fim o fim da operação e aceitou um cessar-fogo com o Ansar Alá em troca de que parariam de atacar navios americanos.

A negociação, porém, foi feita à margem de Telavive, que soube dos acordos pelo noticiário. Nessa sua última viagem ao Oriente Médio, “Israel” esteve fora do roteiro. Foi para o Conselho de Cooperação do Golfo e negociou com o Hamas a libertação do último refém norte-americano vivo e convocou negociações de paz.

Enquanto Trump negocia o programa nuclear iraniano, e de novo “Israel” de fora, os sionistas ameaçam bombardear instalações iranianas, o que mostra uma clara intenção de pressionar o governo norte-americano.

Os Estados Unidos destinam cerca de US$ 3,8 bilhões por ano em ajuda militar a “Israel”, conforme um acordo vigente até 2028. Além disso, desde o início da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, em 7 de outubro de 2023, os EUA já enviaram US$12,5 bilhões em apoio militar direto. Em um período de um ano de guerra, os gastos totais chegaram a US$22,76 bilhões, incluindo operações militares na região. Recentemente, “Israel” anunciou um novo pacote de US$8,7 bilhões em ajuda militar dos EUA.

Os números acima são estimativas, podem ser muito maiores. Apenas na tentativa de contenção do ataque iraniano em retaliação às agressões dos sionistas, foram gastos US$1,3 bilhão em duas horas, e ainda assim dezenas de mísseis furaram o “Domo de Ferro” e atingiram “Israel”.

Embora a manutenção de “Israel” seja fundamental para o imperialismo, manter essa posição para uma economia em uma crise profunda, como a norte-americana, parece ser muito mais um fardo, especialmente para os setores republicanos que não veêm sentido em ajudar militarmente países que podem se defender sozinhos.

Mudança de prioridade?

Trump não demonstra que “Israel” seja uma prioridade ainda que tenha pedido que a Arábia Saudita assine os Acordos de Abraão.

Os Acordos de Abraão são tratados de normalização das relações diplomáticas entre Israel e países árabes, assinados em 15 de setembro de 2020. Mediados pelos Estados Unidos, os primeiros signatários foram “Israel”, Emirados Árabes Unidos e Barém. Posteriormente, Sudão e também Marrocos. Ainda estão de fora Arábia Saudita, Catar e Cuaite.

Segundo Kit Klarenberg, os Estados Unidos assinaram uma série de acordos com a Arábia Saudita em diversos setores, incluindo o maior acordo de defesa já firmado entre os dois países, avaliado em quase US$142 bilhões. Uma série de acontecimentos sugerem fortemente que o governo Trump está rompendo com a política americana, até então inabalável, de apoio incondicional a “Israel” e de atendimento aos seus interesses em quase todos os aspectos.

A conduta de Trump, tentando acabar com a guerra na Ucrânia e sua atuação no Oriente Médio, está revelando o quanto setores inteiros da esquerda pequeno-burguesa se transformaram em reacionários e pró-imperialistas, que criticam o Hamas, ou não se esforçam na luta pela Palestina; que criticam a Venezuela, Rússia, Irã e China.

Perto dessa esquerda, muitas vezes recebendo dinheiro do imperialismo por meio de ONGs, até mesmo um reacionário como Trump fica parecendo um progressista.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 26/05/2025