
O coronel Rubens Robine Bizerril recebeu R$ 21 milhões do Estado brasileiro ao longo de sete décadas, mesmo após sua aposentadoria. Ele, que morreu aos 90 anos, participou da ditadura militar e, como pensionista, continuou a ser remunerado, o que levanta questionamentos sobre o custo político e financeiro de não punir militares envolvidos em crimes contra os direitos humanos. Com informações dos jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, do UOL.
O caso do militar, segundo Toledo, reforça a importância do julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe orquestrada por Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados em 2023.
“O indiciamento dos caras que não são os cabeças do golpe, mas que foram fundamentais para a operacionalização tática do golpe, é extremamente importante, porque a história mostra que é importante”, afirmou.

Quem foi Rubens Robine Bizerril
Bizerril foi instrutor do general Villas Bôas e chefiou o 10º Batalhão de Caçadores de Goiânia, onde comandou ações de repressão, incluindo o sequestro e morte do estudante Ismael Silva de Jesus.
Após o regime, ele permaneceu vinculado ao estado, atuando no Serviço Nacional de Informações e, depois, na Agência Brasileira de Inteligência, sendo posteriormente cedido ao Ministério da Justiça.
Em 2000, foi descoberto por Renato Sérgio de Lima, atual presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ao fazer comentários sobre ossadas e política de direitos humanos. A partir daí, vieram à tona denúncias contra o militar.
Impunidade
Em 2022, o Ministério Público de Goiás apresentou denúncia contra ele por homicídio, tortura, sequestro e falsificação de documentos, mas a Justiça Federal rejeitou a ação com base na lei da anistia.
“Ele não só não foi condenado, como foi premiado pelo Estado brasileiro”, destacou Thais Bilenky, ao comentar o desfecho do caso.
“Para evitar que essa situação se repita em uma nova circunstância, com uma nova tentativa de golpe, é necessário julgar e condenar quem teve culpa nesse golpe”, defende Toledo, lembrando que o próprio comandante da aeronáutica de Bolsonaro disse que “sim, houve uma tentativa de golpe”.