Jordan Bardella, presidente do partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN). Foto: Lewis Joly/AP

O partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN) conquistou 33,4% dos votos no primeiro turno das eleições legislativas na França e os resultados da disputa devem impactar diretamente a vida de brasileiros e outros imigrantes no país.

O presidente do partido, Jordan Bardella, afirmou que impediria cidadãos com dupla nacionalidade de integrar cargos “sensíveis” no funcionamento público. A declaração ocorreu durante a apresentação de seu programa, mas não foi detalhada por ele.

A França tem atualmente cerca de 3,5 milhões de cidadãos binacionais e despertou preocupação em brasileiros que vivem no país. Ana Bravo Lachaux, franco-brasileira que vive lá há 23 anos e tem dois filhos com dupla nacionalidade, afirma que o discurso “abre uma porta para discriminações”.

“Eu tenho medo pelo futuro dos meus filhos. Este projeto cria classes de cidadãos, em que uns teriam mais direitos que outros”, afirmou ao Estadão. Ela não é a única: a professora adjunta da Universidade Sorbonne e deputada estadual do departamento de Seine-Saint-Denis Silvia Capanema tem dupla nacionalidade e é mãe de três binacionais.

“Tenho um mandato eletivo e sou funcionária pública. Sei que não sou o alvo direto das declarações deles, mas vivo numa periferia em que 70% das pessoas têm ao menos um pai (ou mãe) estrangeiro. O princípio francês é de direitos iguais, não existem categorias de franceses. Na França, sequer há estatísticas oficiais sobre raça e religião justamente para manter o princípio da igualdade entre as pessoas”, afirma.

Bandeiras da França e do Brasil. Foto: Divulgação

Brasileiros, no entanto, não são os únicos preocupados com a extrema-direita no país. O comerciante franco-argelino Kacem Faycel, que vive no país desde 1981, afirma que o país “precisa de imigrantes” e que o partido quer criar “duas classes de franceses: os de origem diversa e os nativos”.

Algumas pessoas que vivem lá há décadas têm pensado sobre seu futuro, como a franco-beninense Loïs H., que vive no país há 25 anos, tem dois filhos nascidos na França e trabalha em uma empresa que presta serviços ao Ministério do Interior. “Eu tenho agora a impressão de não ser aceita, de ser uma presença indesejada, isso é desestabilizante”, conta.

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Última Atualização: 05/07/2024