Nesta quarta-feira (21), terminou o African Lion 2025, exercício militar de larga escala promovido pelos Estados Unidos e realizado no Marrocos.
O exercício envolveu mais de 10 mil efetivos, de mais de 40 países, incluindo sete da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), exército imperialista sob o comando dos EUA.
Igualmente participou no exercício o país artificial “Israel”, que há mais de um ano e maio, vem perpetrando uma guerra genocida contra a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, sendo responsável pelo assassinato de mais de 54 mil palestinos, a maioria mulheres, idosos, crianças e adolescentes.
Conforme destacado pelo jornal Morocco World News (MWN), órgão de imprensa pró-imperialista, com sede em Rabat e em Washington – DC, “o exercício visa fortalecer a cooperação militar entre Marrocos e os EUA e aumentar a prontidão para operações de apoio à paz e à segurança regionais”.
Segundo MWN, a CIA “disse que o treinamento mostra como ambos os países podem responder juntos às crescentes ameaças à segurança, especialmente na região do Sahel”, região da África onde há países com governos militares nacionalistas, em antagonismo crescente com o imperialismo, com destaque para Burquina Fasso.
A realização do exercício também foi noticiado pelo jornal Middle East Eye (MEE), que destacou que “bandeira israelense hasteada em Marrocos durante exercício militar, gerando indignação”, acrescentando que “a participação de Israel no exercício multilateral anual marca o mais recente fortalecimento dos laços com Marrocos, apesar da reação interna”.
A entidade sionista e a ditadura monárquica marroquina normalizaram as relações diplomáticas em 2020. Desde então, a população marroquina, majoritariamente muçulmana, vem realizando protestos contra a normalização. Os protestos aumentaram e se intensificaram desde 7 de outubro de 2023, dia da revolucionária Operação Dilúvio de al-Aqsa, bem como contra a guerra genocida perpetrado por “Israel” contra os palestinos desde então. MEE informa ainda:
“É a terceira vez que Israel participa do exercício. Mas, diferentemente do ano passado – quando o envolvimento israelense foi mantido longe dos olhos do público em meio à guerra em Gaza para evitar a reação interna marroquina –, a participação deste ano foi aberta”. Na cerimônia de abertura dos exercícios, “tropas de várias nações foram filmadas marchando sobre um tapete vermelho, ladeadas por fileiras de bandeiras. Perto do centro, o azul e o branco de Israel tremulavam — uma visão rara em solo marroquino”.
Em declaração ao jornal, Yassir Abbadi, da Frente Marroquina de Apoio à Palestina e Contra a Normalização, afirmou que “para o regime marroquino não apenas colaborar com os militares [israelenses], mas também esfregar isso na nossa cara publicamente e sem nenhuma vergonha, honestamente, não tenho palavras para descrever“.
Dentre os sionista que participaram do exercício, estavam as tropas da Brigada Golani, uma das mais criminosas das forças israelenses de ocupação, e que, no final de março, assassinaram 15 socorristas em Gaza, bem como “na escavação de valas comuns para encobrir o crime”, conforme informado pelo MEE.
Falando ao jornal, Abdelkader Abderrahmane, um especialista independente em segurança e política do Norte da África, declarou que “temos que diferenciar claramente entre a população marroquina e as autoridades, com o Rei Mohamed VI à frente”. Citando os protestos frequentes que o povo marroquino vem realizando nós últimos dois anos, em apoio à Palestina, ele acrescenta que “a população marroquina em geral sempre demonstrou seu apoio ao povo palestino e seu sofrimento em Gaza”.
Expondo a ditadura da monarquia marroquina, ele denuncia que “o Estado faz o que quer, ignorando completamente o que a maioria das pessoas quer”, disse ele. “Foi assim que a normalização aconteceu, em primeiro lugar. É uma ditadura — é assim que os regimes autoritários se comportam.”
Apesar dos protestos populares contra o sionismo, “a cooperação entre Marrocos e Israel tem se expandido constantemente”, conforme destaca MEE.
A avaliação de que o exercício militar expõe essa intensificação da aliança da ditadura marroquina com o Estado genocida de “Israel” também é feita por um dos principais think tanks do imperialismo, o Atlantic Council.
Referida organização criminosa destaca, expondo o caráter ditatorial da monarquia do Marrocos, que “a guerra de Gaza aproximou Marrocos e Israel”, acrescentando que “a cooperação em segurança entre Israel e Marrocos está florescendo e nunca foi tão forte”. Abderrahmane, o especialista entrevistado pelo MEE, informa que a cooperação vai ainda além da aliança militar: “numerosos acordos de cooperação foram assinados entre as duas partes, nas áreas de energia, tecnologia, comércio e muitas outras.”
Dado detalhes sobre a cooperação militar, MEE informoa que “em fevereiro, o Marrocos escolheu a Elbit Systems de Israel como uma de suas principais fornecedoras de armas”. Tal empresa é a principal fornecedora de equipamentos militares terrestres e VANTs (drones) às forças israelenses de ocupação. Em outras palavras, a principal empresa israelense envolvida no genocídio do povo palestino.
Igualmente, a ditadura marroquina também estaria “prestes a fechar um acordo de US$1 bilhão para comprar um satélite espião da Israel Aerospace Industries”, conforme o MEE.
Além disto, o Atlantic Council informa que o aprofundamento das relações entre a entidade sionista e a monarquia marroquina é “impulsionada por uma ameaça iraniana comum e uma visão compartilhada de integração regional”. Segundo o imperialismo, haveria uma “ameaça iraniana” sobre a região do Saara Ocidental, região disputada entre o Marrocos e a Argélia, país cujas contradições com o imperialismo francês vêm se agudizando.
Declaração do parlamentar republicano Joe Wilson, do estado norte-americano da Carolina do Sul, proferida no início deste ano Câmara dos Representantes dos EUA, expõe a aliança do Marrocos com o imperialismo e o crescente antagonismo deste com o Irã: “o criminoso de guerra Putin, o Irã e Cuba estão desestabilizando ativamente a África Ocidental ao apoiar a Frente Polisário, uma ameaça ao Reino de Marrocos — um parceiro essencial dos EUA”, declarou o funcionário do imperialismo.
Deve ser destacado que o Irã é o país que lidera o Eixo da Resistência, coalizão de forças revolucionárias que lutam contra o sionismo e o imperialismo no Oriente Próximo, coalizão da qual faz parte também o Iêmen e o Hesbolá.
Antes do recente exercício militar, o Atlantic Council informou sobre declaração de funcionário da ditadura marroquina, que afirmou que era “uma decisão lamentável que o reino não está preparado para repetir diante de uma ameaça regional que pode nos custar metade de nossos territórios e a segurança de nossos filhos. Compartilhamos com os israelenses um destino comum e uma visão de um futuro pacífico e próspero“.
Mas agora, no exercício militar, “as tropas simularam uma resposta em larga escala a um inimigo fictício. Forças aéreas e terrestres marroquinas e americanas trabalharam juntas para atingir alvos e realizar ataques coordenados”, conforme informado pelo Morocco World News.
Expondo novamente a natureza contrarrevolucionária da monarquia marroquina, o Atlantic Council afirma que “o Marrocos não tem intenção de fechar seu escritório de ligação em Tel Aviv, como fez em 2000, durante a Segunda Intifada, por mais veemente que seja a oposição popular em Rabat”.