Voltou a circular nas redes sociais a calúnia de que o Hamas teria sido criado por “Israel”. A calúnia apareceu novamente em publicação no perfil do X de Jose Mig Villarroya, autoproclamado “historiador, jornalista esportivo, teólogo e filósofo. Madridista [torcedor do Real Madrid] e marxista”.
Em sua publicação, afirma “aqui estão as provas de quem criou o Hamas”, fornecidas por recortes de publicações do The Wall Street Journal, e de declarações de Benjamin Netaniahu e de Amos Yadlin, ex-chefe de espionagem das forças israelenses de ocupação.
Ou seja, sua “provas” contra o Hamas é uma matéria caluniosa de um dos principais jornais da burguesia imperialista dos Estados Unidos (país este que é o principal financiador do genocídio contra a Palestina), bem como declaração do genocida Netaniahu e de chefe espião do exército genocida israelense. Curiosamente, os maiores interessados em difamar o Hamas, partido responsável por infligir uma derrota política histórica ao imperialismo.
Antes de expor as calúnias proferidas pelo The Wall Street Journal (WSJ), deve-se destacar que a matéria que o caluniador usa como prova é de 2009. Deste então, o Hamas liderou inúmeras ações revolucionárias contra “Israel”, incluindo a Grande Marcha do Retorno (2018-2019), protestos pacíficos, cuja repressão brutal por parte de “Israel” (que resultou em mais de 200 mortos), demonstrou de uma vez por todas a necessidade da resistência armada para libertar o povo palestino.
Destaca-se que outros jornais imperialistas também publicaram essas calúnias, a exemplo de matéria publicada pelo The New York Times, em 2023.
Pois bem, o que disse o WSJ em 2009? Já no começo da matéria, o jornal imperialista já deixa exposto que será uma matéria da mais pura falsificação da realidade, pois começa citando um tal Avner Cohen, oficial do exército israelense, que teria dito que “o Hamas, para meu grande pesar, é uma criação de Israel”.
Ou seja, a tese que o Hamas, principal força revolucionária do mundo atualmente, e cujos combatentes Al-Qassam já eliminaram milhares de invasores sionistas, a tese de que esse grupo seria criação de “Israel” vem de um militar israelense! Vem dos piores caluniadores que o mundo já viu, dá máquina de propaganda mais mentirosa que já existiu.
O WSJ continua com sua tese caluniosa, com base no que afirma o sionista: “em vez de tentar conter os islamitas de Gaza desde o início, afirma o Sr. Cohen, Israel os tolerou durante anos e, em alguns casos, os encorajou como contrapeso aos nacionalistas seculares da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e sua facção dominante, a Fatah de Yasser Arafat”.
Só nesta passagem, já fica claro que o próprio sionista já desmente sua calúnia de que “Israel” teria criado o Hamas. Fica claro que o partido revolucionário já existia. Se a entidade sionista “tolerou”, fez erro de cálculo, pois foi o Hamas que desmascarou de uma vez por todas “Israel”, expondo o caráter genocida e crimoso desse Estado artificial, gerando a pior crise da história da entidade sionista.
Continuando na calúnia, e ainda citando as baboseiras do militar sionista, o WSJ e seu jornalismo de esgoto diz que “Israel cooperou com um clérigo aleijado e meio cego chamado Sheikh Ahmed Yassin, mesmo enquanto ele lançava as bases do que viria a ser o Hamas”. Logo depois, contudo, desmente a própria calúnia, pois mostra como o Hamas e seus militantes são irredutíveis em sua luta contra “Israel”:
“Sheikh Yassin continua a inspirar militantes hoje; durante a recente guerra em Gaza, combatentes do Hamas confrontaram tropas israelenses com ‘Yassins’, granadas primitivas propelidas por foguete, nomeadas em homenagem ao clérigo”.
Sobre isto, vale destacar matéria publicada em setembro de 2024 pelo órgão de imprensa independente Mintpress, época em que as calúnias contra o Hamas tinham novamente aparecido.
Conforme explicado pelo órgão, em 1973, “o xeque Ahmad Yassin, um membro palestino da Irmandade Muçulmana, fundou a Mujamma al-Islammiyah. Essa organização social islâmica visava promover uma interpretação conservadora do islamismo sunita na Faixa de Gaza”. Informando mais sobre a situação da luta palestina à época, Mintpress explica que “na época, Israel mantinha uma ocupação direta de Gaza e trabalhava ativamente para suprimir grupos de resistência palestinos alinhados à Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que travava um conflito armado contra Israel a partir de sua base no Líbano”.
Acrescenta que “à medida que a Mujamma […] se concentrava na construção de uma sociedade civil islâmica e na pregação da não violência contra os ocupantes israelenses, também se posicionava em oposição às facções palestinas secular-nacionalistas, socialistas e comunistas. Israel, reconhecendo essa divisão, viu uma oportunidade na postura da Mujamma”, razão pela qual “em 1979, Israel reconheceu formalmente a Mujamma como uma organização oficial, permitindo-lhe operar livremente sem interferência das autoridades israelenses”.
Nessa situação “a Mujamma obteve sucesso na construção de uma ampla gama de infraestrutura social, incluindo escolas, mesquitas e bibliotecas”, bem como “administrou clínicas médicas e orfanatos e forneceu ajuda essencial, como alimentos e recursos, aos necessitados, angariando uma forte base de apoiadores”, apontou Mintpress.
Na década de 1980, a luta contra o sionismo evoluiu na Palestina, após a guerra genocida que “Israel” perpetrou contra o Líbano, na tentativa de derrotar a Resistência, na época lidera pela OLP, e Yasser Arafat, e que estava concentra naquele país. A guerra resultou no massacre de mais de 20 mil libaneses e palestinos, massacres dos quais o principal foi o de Sabra e Chatila, em que milícias fascistas de cristãos libaneses, com apoio de “Israel”, assassinou milhares mulheres e crianças, utilizando inclusive facões.
Foi naquela época que se iniciaram as capitulações da OLP que culminaram nos Acordos de Oslo, da década de 1990. Em razão disto, a luta de resistência dos palestinos foram assumidas por outros grupos. Já no início da década de 1980, a Jiade Islâmica se estabeleceu na Palestina e começou a luta armada contra “Israel”.
Nessa situação, “em meados da década de 1980, sob a liderança do xeque Ahmad Yassin, a Mujamma estabeleceu um aparato de segurança conhecido como ‘al-Majd’. Isso marcou uma mudança nas atividades do grupo, que começou a se afastar de sua missão puramente social e religiosa em direção a uma agenda mais militante”, conforme apontou o Mintpress, acrescentando que “o grupo começou a se envolver em atividades militares secretas junto com seus projetos sociais, preparando o terreno para o que mais tarde se tornaria o Hamas.
Foi em 1987, na época de Primeira Intifada, mobilização revolucionária do povo palestinos contra “Israel” brutalmente reprimida pela ditadura sionista, que Ahmad Yassin “juntamente com outros, concluiu que havia chegado o momento de pegar em armas. Como resultado, a Mujamma se transformou e o Hamas — Harakat al-Muqawamah al-Islamiyyah, ou Movimento de Resistência Islâmica — nasceu oficialmente. A liderança do grupo abraçou a resistência armada, marcando o início do Hamas como força militante e política na luta palestina contra a ocupação israelense”, informa Mintpress.
Em resumo, trata-se de uma completa falsificação da realidade e uma calúnia contra o Hamas e todo o povo palestino, a afirmação de que o partido teria sido criado por “Israel”. O que aconteceu foi que a liderança da organização que precedeu o Hamas aproveitou de erro de cálculo dos israelense para avançar a luta em defesa do povo palestino.
E quando os crimes de “Israel” contra os palestinos se intensificaram, a organização se transformou em um partido, ao mesmo tempo em que adotou a resistência armada contra “Israel”.
Desmascarada essa calúnia, outra das mentiras que está sendo requentada é a de que Benjamin Netaniahu seria um financiador do Hamas, e que inclusive ele estaria também por trás do 7 de outubro, dia da revolucionária Operação Dilúvio de al-Aqsa.
Voltando à publicação caluniosa no X, citada no início desta matéria, o caluniador junta recorte de citação de Netaniahu, em que ele teria dito que “qualquer um que queria frustrar o estabelecimento de um Estado palestino tem que apoiar o fortalecimento do Hamas e a transferência de dinheiro ao Hamas. Isto é parte de nossa estratégia: dividir os palestinos em Gaza dos palestinos da Cisjordânia”. Netaniahu teria disto em março de 2019, em uma reunião com os parlamentares do Likud seu partido.
Antes de entrar no mérito, deve se destacar que o próprio Netaniahu negou essa declaração. Além disto, mesmo que ele tenha dito isto, “ele estava se referindo à implementação contínua de uma decisão tomada pela primeira vez em agosto de 2018, quando o gabinete de segurança de Israel aprovou a transferência de dinheiro do Catar para o Hamas”, conforme informado pelo Mintpress, em dezembro de 2024, quando essa calúnia tinha aparecido novamente.
O portal de notícias explica que a decisão ocorreu após cerco financeiro imposto ao Catar em 2017, que foi realizado pela a Arábia Saudita e uma coalizão de Estados árabes pró-EUA. O cerco foi imposto exigindo que o Catar encerrasse seu apoio financeiro ao Hamas.
Conforme aponta Mintpress, “esse corte prejudicou o Hamas financeiramente, mas acabou tendo um efeito contrário — aproximou ainda mais o Hamas do Irã, seu outro aliado fundamental”. A República Islâmica do Irã é o país que lidera o Eixo da Resistência, coalizão revolucionária que lidera a luta antiimperialista e antissionista no Oriente Próximo, da qual fazem parte também o Hesbolá e o Ansar Alá (Iêmen).
Após a Grande Marcha do Retorno, citada anteriormente, e “com o Hamas mudando de tática, estreitando laços com o Irã e percebendo que Israel não responde a ações não violentas, Israel aprovou a ajuda do Catar para aliviar as tensões, uma medida que não visa criar uma ‘aliança’, mas evitar que um conflito armado se agrave”.
De forma que, novamente, estamos diante de uma calúnia, quando se sugere que Netaniahu e ”Israel” seriam financiadores do Hamas, e de que ambos seriam aliados.
O que vemos é um partido verdadeiramente revolucionário, o Hamas, aproveitando oportunidade para fazer avançar a luta do povo palestino por sua libertação nacional.
Desde o 7 de Outubro, o mundo inteiro tem acompanhado as táticas e estratégias do Hamas, que impulsionam a luta do povo palestino por sua libertação nacional. Afinal, antes da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, quem prestava atenção no genocídio que já estava em andamento contra os palestinos? Praticamente ninguém, exceto os povos árabes e muçulmanos, e militantes políticos nos demais países.
Foi o Hamas que mostrou a todos os povos oprimidos do mundo o verdadeiro caráter do Estado de “Israel” e do sionismo: a de genocidas e forças contrarrevolucionárias em todos seus aspectos. Desmascarou “Israel” de forma que a entidade sionista jamais vai recuperar a imagem falsa de “democracia” que antes tinha. Da mesma forma, o Hamas colocou o imperialismo de ponta a cabeça, desmascarando completamente a propaganda dos imperialismo dito “democrático”.
Foi o Hamas quem expôs que esses “democratas” do imperialismo são, na realidade, genocidas piores que Hitler, e que as “democracias” são ditaduras da burguesia que caminham a passos largos em direção a ditaduras abertamente fascistas.
Assim, as calúnias contra o Hamas, e que teria sido criado e financiado por “Israel”, são calúnias que parte do imperialismo e do sionismo, e fazem parte da ofensiva contrarrevolucionária imperialista, atualmente em andamento para acabar com o poder político, ou mesmo destruir a Resistência Palestina e o Eixo da Resistência. E, consequentemente, salvar “Israel”, apoiar uma nova Nakba e manter a região sob a ditadura do imperialismo.
Em publicação no X, o presidente do Partido da Causa Operária Rui Costa Pimenta,, comentou sobre essas calúnias requentadas, denunciando que elas ocorrem justamente “quando o Hamas está botando abaixo o Estado sionista”, acrescentando: “tudo isso para defender a Autoridade Palestina, que todo mundo sabe que é hiper sionista”.
Nesse sentido, palavras finais sobre a Autoridade Palestina: ela faz parte da ofensiva contrarrevolucionária do imperialismo e do sionismo contra a Resistência, como ficou claro nesta semana, com a visita de Mahmoud Abbas ao Líbano.
Abbas, que é presidente da AP (e cachorro de “Israel”), foi ao país para, junto do presidente libanês (outro lacaio do imperialismo), colocar em prática um plano para desarmar a Resistência Palestina que se encontra no Líbano, nos campos de refugiados palestinos no Líbano.