Usuários no entorno do terminal de ônibus de Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo: área concentra consumo de drogas K. Foto: Edilson Dantas/O Globo

As drogas K, como são conhecidos os canabinoides sintéticos, continuam preocupando autoridades de saúde e segurança pública após viralizarem em 2023 com imagens chocantes de usuários semelhantes a “zumbis”. Originárias das cadeias paulistas em 2019, essas substâncias foram inicialmente controladas pelo PCC, mas após serem banidas do sistema carcerário, migraram para as ruas, especialmente em bairros periféricos da Zona Leste de São Paulo.

O mercado dessas drogas, que chegam em pequenos pacotes baratos e potentes, cresceu e se diversificou. Diferente de substâncias tradicionais, como maconha e cocaína, as drogas K têm produção descentralizada em pequenos laboratórios clandestinos. Os entorpecentes são borrifados em folhas secas e consumidos fumados, gerando lucros expressivos: o PCC chegou a faturar R$ 1,5 milhão por mês durante o auge no sistema prisional.

Embora a facção tenha novamente proibido a venda dessas drogas na cracolândia, devido à alta visibilidade policial e aos graves efeitos colaterais em usuários, o consumo permanece elevado na Zona Leste. Segundo dados oficiais, as internações hospitalares por uso de drogas K saltaram de 99 casos em 2022 para 1.098 em 2024, com 40% desses registros concentrados nessa região da capital paulista.

Polícia Federal desmantela laboratório de drogas K em Mogi das Cruzes, em dezembro. Foto: Polícia Federal/ Divulgação

Especialistas destacam que essas substâncias são até cem vezes mais fortes que a maconha tradicional e agem diretamente no sistema cerebral, gerando efeitos extremos. Segundo o pesquisador Maurício Yonamine, da USP, existem cerca de 300 tipos diferentes dessas drogas sintéticas, tornando difícil sua identificação e tratamento médico, que requer testes laboratoriais mais complexos e caros.

A Polícia Federal apreendeu em São Paulo 144 quilos dessas drogas só nos primeiros quatro meses de 2025, indicando que o problema persiste mesmo após quedas pontuais nas apreensões em anos anteriores. Em dezembro de 2024, um laboratório clandestino foi descoberto em Mogi das Cruzes, confirmando a presença ativa dessa produção no estado.

A comunidade médica alerta sobre os perigos da dependência dessas substâncias. Psiquiatras relatam casos extremos, com usuários voltando imediatamente ao vício após períodos curtos de internação. A comparação com “zumbis”, inicialmente evitada, hoje é considerada por especialistas como Dartiu Xavier, da Unifesp, como uma triste realidade que ilustra a violência do impacto das drogas K sobre seus usuários. Com informações do jornal O Globo.

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Last Update: 24/05/2025