Varejo popular intensifica uso de redes sociais como canal de vendas

O bairro do Brás, em São Paulo, movimenta entre 150 mil e 200 mil pessoas por dia e gera R$ 26 bilhões em receita anual, segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura.

Tradicional polo do comércio popular, o Brás se transforma com a presença crescente das redes sociais como canais diretos de venda e relacionamento.

Plataformas como TikTok e Instagram passaram a ser ferramentas estratégicas, usadas não apenas para divulgar produtos, mas também para impulsionar a conversão de vendas.

Esse movimento acompanha uma tendência global. Segundo a Visa, o modelo conhecido como social commerce já representava 10% das compras online em 2023. A expectativa é que esse número chegue a 20% ainda em 2025, impulsionado pela atuação da Geração Z.

Circuito de Compras aposta em posicionamento digital

O Circuito de Compras – Feira da Madrugada, considerado o maior shopping popular da América Latina, é um dos exemplos dessa transformação digital.

Nos últimos anos, o espaço investiu em presença nas redes sociais, parcerias com influenciadores e ações voltadas à valorização dos lojistas.

Segundo André Seibel, CEO do Circuito de Compras, a proposta é tornar o ambiente digital uma extensão da loja física.

“Muitos lojistas ainda veem Instagram e TikTok só como divulgação, quando na verdade são ferramentas completas de venda e conexão com o cliente”, afirma.

A orientação é que cada lojista encontre sua linguagem própria e use as plataformas para mostrar seu dia a dia, seus produtos e interagir com o público.

Quatro estratégias para alavancar vendas nas redes sociais

De acordo com Seibel, quatro ações têm se destacado no uso de redes sociais pelo varejo popular. Veja quais são:

1. Live commerce
As transmissões ao vivo com possibilidade de compra instantânea ganharam força. Plataformas como TikTok Shop, Shopee e Amazon já utilizam o recurso.

O formato humaniza o processo, permite apresentar ofertas em tempo real e cria senso de urgência.

A empresária Bianca Andrade, a “Boca Rosa”, é um exemplo conhecido: em uma live de quatro horas, faturou R$ 5 milhões. O primeiro milhão veio em apenas 10 minutos.

Apesar do grande alcance, a estratégia pode ser aplicada por lojistas com audiências menores, desde que haja planejamento e foco na conexão com o público.

2. TikTok e TikTok Shop
Com vídeos curtos e interativos, o TikTok se tornou uma vitrine poderosa.

Lojistas podem mostrar bastidores, tendências, lançamentos e conteúdos alinhados a vídeos virais.

Com a TikTok Shop, o processo de compra é feito dentro da própria plataforma, de forma rápida e prática.

Além disso, o marketing de afiliados permite que influenciadores vendam produtos e recebam comissões, aumentando o alcance de forma orgânica.

3. Influenciadores de nicho
Conectar marcas a influenciadores que falam com públicos específicos pode gerar resultados diretos em vendas.

É possível trabalhar com nomes locais ou regionais, desde que dialoguem com os valores e o estilo do consumidor da marca.

Essa parceria ajuda a criar confiança, engajamento e ampliar o alcance de forma estratégica.

4. Redes sociais como vitrine
Instagram e Facebook funcionam como catálogos digitais.

Funções como links nos stories, reels e postagens com tags de produtos ajudam a direcionar o consumidor para a compra.

Mais do que vender, a proposta é criar relacionamento com o público.

Autenticidade, estética e linguagem conectada com os valores dos consumidores são os elementos que ajudam a fidelizar e criar comunidades de clientes.

Feira da Madrugada aposta na revitalização e na digitalização

A Nova Feira da Madrugada foi reinaugurada em 2021, com o objetivo de revitalizar a região do Brás e oferecer melhor estrutura para comerciantes e compradores.

O espaço é hoje o maior centro de compras populares da América Latina.

Com o avanço das ferramentas digitais, os lojistas do Circuito de Compras passam a enxergar o ambiente online como parte do negócio — e não mais como um canal à parte.

Nesse novo cenário, as redes sociais se consolidam como aliadas do empreendedorismo popular.

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Last Update: 24/05/2025