Nesta quinta-feira (23), as forças israelenses de ocupação assassinaram, em bombardeios, pelo menos seis agentes de segurança do governo de Gaza enquanto eles faziam a segurança de comboio de ajuda humanitária para evitar roubos. A informação é do Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza, que informou que um total de oito ataques aéreos foram lançados contra os agentes palestinos.
O ataque ocorreu quando 31 caminhões de ajuda estavam a caminho de armazéns, para onde a ajuda era destinada. Perto da rotatória principal na Rua Salah Adin, perto de Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, o comboio foi alvo de saqueadores, que dispararam armas de fogo contra os veículos com o objetivo de roubar a ajuda.
Ao tentar repelir a tentativa de saque, o grupo de agentes de segurança palestinos foi alvo de mísseis disparados pela força aérea israelenses, assassinando seis deles. As forças de ocupação também atacaram ambulâncias e civis que se direcionaram ao local para ajudar.
O Gabinete de Imprensa denunciou que os ataques deixaram “claro que o exército de ocupação está operando de forma sistemática para permitir o saque dos caminhões de ajuda e medicamentos para garantir que eles não cheguem a quem precisa”.
Foi nesta segunda-feira (19) que “Israel”, diante da crise mundial que sua política de assassinar os palestinos de fome estava gerando, teve de ceder e permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. No entanto, a entrada vem sendo extremamente limitada: no primeiro dia, apenas seis caminhões entraram, sendo que se esperava 30.
Na quarta-feira (21), foi permitida a entrada de 92 caminhões, mas chegaram ao seu destino 90 em razão de saques. Contudo, tais números estão muito distantes do total de ajuda humanitária que os palestinos de Gaza necessitam diariamente: entre 500 e 600 caminhões.
Apesar da entrada limitada de ajuda humanitária, o portal de notícias The Cradle informou, nesta quinta-feira (23), reproduzindo informações da agência de notícias Reuters, que a ajuda que entrou em Gaza nesta semana ainda não havia chegado às cozinhas comunitárias.
Conforme aponta The Cradle, no passado, “Israel” apoiou saqueadores e atacou regularmente policiais de Gaza que tentavam proteger comboios de ajuda humanitária, expondo que se trata de um modo de operação da entidade sionista no âmbito de sua política de assassinar os palestinos de fome para jogá-los contra a resistência palestina.
Nesse sentido, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) publicou declaração nesta quinta-feira denunciando que “a ocupação continua a fome de engenharia em Gaza… A ajuda atual é apenas uma gota no oceano de necessidades humanitárias”. O partido palestino afirmou que o “crime de fome sistemática contra mais de dois milhões de palestinos na Faixa de Gaza”, perpetrado por “Israel”, “é alcançado racionando a entrada de ajuda humanitária e submetendo-a a equações políticas e de segurança, como parte do que ficou conhecido como ‘engenharia da fome’”.
O Hamas alertou ainda “contra as tentativas da ocupação de implementar seu plano de estabelecer o que se assemelha a campos de concentração nas áreas do sul da Faixa de Gaza, sob o pretexto de ajuda humanitária”.
Ainda na quinta-feira, o genocida Benjamin Netaniahu, primeiro-ministro de “Israel”, divulgou um plano de como está utilizando a fome como arma de guerra contra a resistência. Elaborado conjuntamente com os Estados Unidos, Netaniahu afirmou que o plano é dividido em três etapas, e que, na terceira, objetiva criar uma “zona estéril” no sul de Gaza para a população civil se abrigar:
“Nesta zona, que estará totalmente livre do Hamas, os moradores de Gaza receberão total ajuda humanitária”, afirmou Netaniahu.
Uma admissão de sua política genocida de utilizar a fome para fazer o povo palestino se voltar contra o Hamas e demais organizações da resistência.
O Hamas frisou que “este é um plano colonial rejeitado que não terá sucesso e será enfrentado pela vontade inabalável do nosso povo, que rejeita a humilhação e a submissão e se apega ao seu direito à vida, à liberdade e à dignidade”.
O bloqueio total imposto por “Israel” a partir do dia 2 de março, precedendo a retomada dos bombardeios, causou uma fome generalizada, atingindo toda a população da Faixa de Gaza. Segundo informações do Programa Alimentar Mundial da ONU publicadas em 12 de maio, “470.000 pessoas em Gaza enfrentam fome catastrófica (Fase 5 da Classificação Integrada de Segurança Alimentar – IPC), e toda a população sofre de insegurança alimentar aguda. O relatório também projeta um número alarmante de 71.000 crianças e mais de 17.000 mães que precisarão de tratamento urgente para desnutrição aguda”.
Há cerca de uma semana, o Ministério da Saúde de Gaza informou que pelo menos 57 crianças e adolescentes morreram de fome no enclave palestino. Nesta quinta-feira, o Ministro da Saúde, Majed Abu Ramadan, informou que, nos últimos dias, pelo menos 29 crianças e idosos morreram de mortes “relacionadas à fome”.