As empresas de tecnologia são o novo bicho-papão da esquerda pequeno-burguesa, como demonstra o artigo Consórcio entre as big techs e a extrema-direita é o desafio da democracia, de autoria de Florestan Fernandes Jr, publicado nesta quinta-feira (22) no portal de esquerda Brasil 247. O setor tecnológico, embora seja importante, não é o que dá de fato as cartas no imperialismo. Além disso, a qual democracia o autor se refere?
O Brasil vive sob uma ditadura judiciária. No mundo, o que se vê são golpes de Estado e fraudes eleitorais por toda a parte. Lembrando que esses golpes são todos patrocinados pelas “democracias” liberais.
A afirmação de que “manipulação dos algoritmos e uso impune de fake news e discurso de ódio deram à extrema-direita um handicap de proporções avassaladoras” não corresponde à realidade. De início, é preciso lembrar que empresas como Meta, Google, dançam a música tocada pelos serviços de inteligência como a CIA e o MI6.
Se existe uma política de favorecimento da extrema direita, ela vem diretamente do imperialismo. No primeiro parágrafo, Florestan Fernandes Jr. afirma:
“O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou na última quarta-feira, 21, que existe uma grande possibilidade de o ministro do STF, Alexandre de Moraes sofrer sanções do governo dos Estados Unidos. Para isso, Donald Trump pretende utilizar uma lei aprovada em 2012, que autoriza sanções contra indivíduos acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos.”
É preciso lembrar que em 2012, o democrata Barack Obama presidia os Estados Unidos com auxílio de outro famoso democrata: Joe ‘Genocida’ Biden, de modo que Trump não pode levar a culpa sozinho. Foram esses democratas que perpetraram um enorme morticínio no Afeganistão, Síria, Líbia e Somália, deixando qualquer fascista com inveja.
Também foi no governo Obama/Biden que se planejou e executou o golpe contra Dilma Rousseff, aquele “com Supremo, com tudo”. Ficou famoso o caso de espionagem que esses amantes da liberdade vinham promovendo contra o mandato da presidenta golpeada.
Bisonho, mas real
Segundo o articulista, “os argumentos [contra Moraes] apresentados pelo deputado republicano Cory Mills, íntimo de Eduardo Bolsonaro, para o uso dessa lei chega a ser bisonho: ‘temos observado uma censura generalizada e perseguição política contra toda a oposição, incluindo jornalistas e cidadãos comuns. O que está acontecendo agora (no Brasil) é uma iminente prisão politicamente motivada contra o ex-presidente Bolsonaro. Essa repressão se estende além das fronteiras do Brasil, impactando indivíduos em solo americano’”. Há setores da esquerda que foram tanto para a direita que, comparado, até mesmo um deputado republicano americano se passa por um defensor dos direitos democráticos.
Gostem ou não, há uma censura generalizada no País. O Partido da Causa Operária (PCO), teve suas contas bloqueadas por Moraes no YouTube por supostamente difundir fake news, um crime que não existe, não está tipificado no Código Penal, e que não passa de invenção de um juiz cujas decisões têm valor de lei.
Ainda que o Google tenha pedido para o senhor Moraes especificar qual vídeo, ou trecho, exatamente deveria ser tirado do ar, o ministro fez com que todos os canais fossem bloqueados, incluindo programas de esporte e cultura. Isso é pior do que no período da ditadura militar, em que trechos de matérias nos jornais eram censuradas.
Para Florestan Fernandes Jr., “está claro que as ameaças de sanções ao ministro Alexandre de Moraes têm como finalidade pressionar o julgamento em curso no STF, dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado, planejado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro”. Na verdade, o imperialismo já tem puxado a orelha de Moraes, que foi muito útil para colocar Lula na cadeia, mas que anda exagerando.
As tais “narrativas”
No texto, o autor alega “a falta da regulamentação das redes sociais abriu uma avenida para o fortalecimento da extrema-direita mundo afora. A manipulação dos algoritmos e o uso indiscriminado e sem punição de fake news, do discurso de ódio e da criação de narrativas inverídicas”. O fascismo sempre teve as avenidas abertas pelas “democracias liberais”. Foi assim na Itália, na Alemanha, quando só se comunicava por correio ou telégrafo.
No Brasil, foi a manipulação da grande imprensa, seu “discurso de ódio”, “narrativas inverídicas” que fomentaram o surgimento o fortalecimento da extrema direita. Nem por isso o senhor Alexandre de Moraes, ou o autor do artigo, pedem a censura dessas empresas comandadas pelo imperialismo.
Ainda que não se deva apoiar a censura, se fosse para ter um mínimo de coerência, essa esquerda inquisitorial deveria apontar suas armas para a imprensa que continua mentindo e manipulando as informações a todo vapor. Censurar as redes sociais apenas dará mais poder para os verdadeiros propagadores de fake news.
As redes sociais, ainda que sob domínio de grandes empresas, são muito melhores que o monopólio da grande imprensa. Foi nas redes sociais que se desmascarou as mentiras que contavam em 2013. Foram os pequenos vídeos feitos com celulares e compartilhados que mostraram a truculência da polícia que agredia gratuitamente manifestantes, desmontando a propaganda venenosa de empresas que mentem em escala industrial, como a notória golpista Rede Globo.
É nas redes sociais que se pode mostrar os horrores cometidos em Gaza, Síria, Sudão, etc. Por isso, é preciso censurar meios de comunicação que escapem ao controle da ditadura mundial. É preciso “regular” as redes sociais não pelas notícias falsas, pelas fake news, mas pela verdade que vem à tona e indispõe as pessoas contra o imperialismo. As redes sociais democratizam a informação e isso, para o imperialismo “democrático” é inadmissível.
A choradeira da esquerda se deve ao fato de a extrema direita, estar crescendo, mas isso também resulta do fato de essa mesma esquerda ter abandonado suas bandeiras e abraçado a burguesia com a desculpa de que é preciso combater o fascismo.
Fernades reclama que “o crescimento da extrema-direita nos últimos meses em países como Portugal, Romênia, Polônia e Argentina é desalentador”, mas esse países eram governados por quem? A Polônia se tornou um cão da OTAN que fica rosnando para a Rússia. Milei, na Argentina, deita no chão e finge de morto ao comando de Washington.
Em vez de ficar se lamentando a presença da extrema direita nos meios digitais, a esquerda deve arregaçar as mangas e ir para o embate, longe de aderir à campanha golpista contra as redes sociais, usá-las para se organizar, reconquistar a classe trabalhadora, pois ficar pedindo socorro para juiz golpista é cavar a própria cova.