Morreu nesta sexta-feira (23), em Paris, aos 81 anos, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, vítima de leucemia. Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, Salgado formou-se em economia pela Universidade de São Paulo e iniciou sua carreira profissional na Organização Internacional do Café. Foi durante viagens de trabalho à África que começou a fotografar, abandonando a economia para dedicar-se integralmente ao fotojornalismo a partir de 1973.
Em 1974, durante seu exílio na Europa, Salgado registrou a Revolução dos Cravos em Portugal. As imagens, capturadas enquanto era membro da Agência Magnum, permaneceram inéditas por cinco décadas e foram exibidas pela primeira vez em 2024 na exposição “50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal”, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. A mostra, com curadoria de Lélia Wanick Salgado, apresentou mais de 50 fotografias que retratam momentos da queda do regime salazarista, como a marcha de soldados e civis nas ruas de Lisboa e a presença de crianças em manifestações populares.

Outro marco em sua trajetória foi o registro da tentativa de assassinato do presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, em 1981. Enquanto cobria os primeiros 100 dias do governo Reagan para uma reportagem, Salgado estava presente no momento em que John Hinckley Jr. disparou contra o presidente em Washington. Suas fotografias do atentado foram publicadas em diversos veículos internacionais, consolidando sua reputação no fotojornalismo.

Ao longo de sua carreira, Salgado documentou temas como migrações, trabalho e conflitos sociais, sempre com um olhar atento às injustiças enfrentadas pelos povos oprimidos. Embora tenha realizado projetos voltados para questões ambientais, como a série “Gênesis” e o trabalho com o Instituto Terra, essas iniciativas foram, em certa medida, utilizadas pelo imperialismo para promover sua política “ambientalista”, desviando o foco de sua obra.

Sebastião Salgado recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, em 1998, e foi membro da Academia de Belas Artes da França.