
O advogado e ex-desembargador Sebastião Coelho oficializou sua filiação ao partido Novo e confirmou sua candidatura ao Senado pelo Distrito Federal nas eleições de 2026. Coelho ficou conhecido por suas críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e aos inquéritos sobre atentados à democracia e fake news.
Recentemente, Coelho atuou como advogado de Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um dos réus no processo sobre a tentativa de golpe de Estado.
No entanto, ele abandonou a defesa em abril, dois dias após o STF aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Martins. Na ocasião, o ex-desembargador alegou motivos de saúde, mas manteve sua posição sobre a inocência do cliente.
“Minha expectativa era de que a denúncia contra Filipe Martins fosse rejeitada, que um processo não fosse sequer iniciado. É um absurdo completo”, afirmou Coelho. “Esse moço é completamente inocente”, disparou. Ele ainda explicou que já havia avisado sua equipe sobre a possibilidade de deixar o caso caso a denúncia fosse aceita: “Tenho a necessidade de cuidar de dois assuntos pessoais, sendo um deles relacionado à saúde”.

Apesar de ter se afastado formalmente da defesa, Coelho manteve um discurso crítico ao STF e prometeu continuar opinando publicamente sobre o processo. “Filipe é como se fosse da minha família. Continuarei a ajudá-lo, se for consultado. A partir de agora, sou ex-advogado dele, mas sigo na trincheira contra o arbítrio do ministro Alexandre de Moraes”, declarou.
Em uma sustentação oral no STF, o ex-desembargador chegou a comparar Martins a Jesus Cristo. “Neste fim de semana celebramos a Páscoa. Filipe Martins espera que este tribunal ouça sua defesa. O processo de crucificação que Cristo sofreu, Filipe vem sofrendo desde 8 de fevereiro de 2024. Mas isso precisa acabar hoje”, exagerou.
Quem é Sebastião Coelho
Para chamar a atenção para si em março, Coelho chegou a ser detido por algumas horas durante o julgamento da denúncia contra o “núcleo 1” da trama golpista, grupo que inclui Bolsonaro, após fazer escândalo por ficar de fora da sessão, uma vez que ele teve o acesso negado por representar um indiciado do “núcleo 2”.
Mesmo sem estar no plenário, interrompeu a sessão ao gritar “arbitrário” enquanto o ministro Alexandre de Moraes lia seu relatório.
Afastado da magistratura desde setembro de 2022, Coelho é investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por suspeita de incentivar os atos golpistas quando ainda era desembargador.
Além disso, participou ativamente dos acampamentos bolsonaristas instalados diante do Quartel-General do Exército, em Brasília, onde apoiadores do ex-presidente pediam uma intervenção militar após o resultado das eleições.
Natural de Santana do Ipanema (AL), Coelho tem 69 anos e foi juiz em diversas varas do DF antes de se tornar desembargador em 2013. Em agosto de 2022, ainda no exercício do cargo, anunciou sua saída do Tribunal Regional Eleitoral do DF com ataques diretos ao Supremo. Em sessão oficial, afirmou que Moraes havia feito uma “declaração de guerra ao País”.
