O presidente do Corinthians, Augusto Melo, foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. Ele e outros três suspeitos são investigados no chamado Caso VaideBet, que apura irregularidades em um contrato assinado entre o clube e a casa de apostas. Uma eventual denúncia à Justiça cabe ao Ministério Público.
Um relatório elaborado pelo delegado responsável pelo caso informou que pelo menos 870 mil reais pagos ao clube pelo patrocinador foram repassados à conta de uma empresa vinculada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e citada pelo empresário Vinícius Gritzbach, delator da facção que foi assassinado no Aeroporto de Guarulhos em 2024.
O contrato entre Corinthians e VaideBet foi assinado em janeiro de 2024. Em junho, a casa de apostas rompeu o acordo, depois de enviar notificações extrajudiciais questionando o uso de “laranjas” pelo clube durante as negociações e os procedimentos para assinatura.
Augusto Melo informou que concederá uma entrevista coletiva nesta sexta-feira 23, às 15h, no Centro de Treinamentos Joaquim Grava, de propriedade do clube, na zona leste da cidade de São Paulo.
Em nota publicada nas redes sociais, a defesa do presidente corintiano disse que “recebeu com incredulidade e indignação o relatório final do inquérito”, e que emitirá considerações oficiais após a análise do documento.
“Reitera-se a convicção de que o presidente Augusto Melo não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso”, complementa.
Em nota oficial, a direção do clube afirma que a instituição é “vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados”.
Os outros indiciados
Além de Augusto Melo, foram indiciados o ex-diretor administrativo do Corinthians Marcelo Mariano; o ex-superintendente de marketing do clube Sérgio Moura; e o empresário Alex Cassundé, dono da empresa responsável pela intermediação do contrato com a empresa de apostas.
Ao site ge o advogado de Sérgio Moura disse que ele não teve participação no caso, provará isso no decorrer do processo e está “muito tranquilo”. Também ao ge, o advogado de Mariano disse que ele não teve qualquer benefício econômico envolvendo o contrato e que, por isso, discorda da conclusão da Polícia Civil.
Em nota à imprensa, a defesa de Cassundé reconhece que teve contato com a VaideBet, mas alega não haver ato ilícito na relação. “Documentos sobre isso foram oportunamente juntados ao processo e são corroborados com as oitivas”, escreveram os advogados.
Em nota, a UJ Football Talent, empresa que, segundo as investigações, teria vínculo com o PCC, afirmou que “não possui qualquer ligação com organizações criminosas e não é investigada por envolvimento com o crime organizado”.