O andamento do julgamento-farsa dos manifestantes do 8 de janeiro de 2023 vem demonstrando que, de fato, não houve uma tentativa de golpe, ou se alguém pensou em dar um golpe, o plano foi uma trapalhada total, apesar da seriedade que o STF (Supremo Tribunal Federal) finge dar à questão. Para a esquerda pequeno-burguesa, que sonha todas as noites com Alexandre de Moraes, ficam confusas as idas e vindas, seja do tribunal, seja dos depoentes, que agora prestam depoimentos sob o tenebroso sigilo da corte suprema. Um caso desses é o de Moisés Mendes, jornalista e redator do Brasil 247, que redigiu o artigo A estranha conversão do brigadeiro Baptista Júnior, afirmando que “merece estudo a trajetória do militar bolsonarista que decide abandonar o golpe e ajudar a dedurar um colega”.
No caso acima, Mendes está se referindo ao brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, que, em depoimento para o STF, afirmou que ordenou a Augusto Heleno, ainda em 15 de dezembro de 2022, avisar Jair Bolsonaro de que não haveria golpe.
Segundo Mendes, “o que importa aos que estudam a caserna é saber como o ex-comandante da Aeronáutica juntou-se aos legalistas. E como seu colega da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, por ele dedurado, imaginou que, com meia dúzia de soldados e corvetas, poderia continuar golpista ao lado de Bolsonaro. Se até Bolsonaro já havia decidido fugir”.
Uma questão do que está narrado acima é que, de fato, não houve tentativa de golpe. Pelo que Mendes mesmo diz, as fofocas golpistas (pois não passam disso) não tiveram o efeito prático de iniciar um golpe de estado no Brasil.
Isso por um lado. Por outro, é preciso ser bastante inocente para acreditar que exista uma ala legalista entre os militares. Isso jamais existiu. Os militares não possuem nenhuma paixão por leis ou direitos constitucionais. Os militares brasileiros ainda menos, basta ver o longo histórico de medidas antidemocráticas e golpistas.
“O resto é o que se sabe. Sem suporte, Bolsonaro pegou o avião e fugiu com Anderson Torres, os generais se apijamaram e os manés foram abandonados no 8 de janeiro, para que fizessem o que restava fazer. Que quebrassem o que havia pela frente”.
Neste parágrafo é curiosa a forma que a esquerda enxerga os manifestantes do 8 de janeiro de 2023. Mesmo se fossem uma ínfima minoria da população (o que não é o caso) o problema estaria em abrir um debate político com este setor para ganhá-los para o lado progressista.
E, ao bem da verdade, estamos tratando de 50% da população, pois essa polarização, por mais que falem Rede Globo e STF, não acabou no Brasil. Muito pelo contrário, com a crise econômica que o país atravessa, essa polarização está acirrada.
“O depoimento de Baptista no STF tem coisas estranhas. Ele sugere que, no início das reuniões, mesmo depois da eleição de Lula, imaginava que a decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) iria conter uma convulsão social (…) Baptista Júnior pode ser também um caso raro da inversão de condutas, em que geralmente um milico vai dormir legalista e, no dia do golpe, acorda como golpista. Bem acordado, ele deve ter mais coisas para contar”.
Os depoimentos estranhos, para não dizer contraditórios e falsos, são resultado de uma questão simples: a tentativa de coerção por parte do STF para que se chegue ao resultado (crime) desejado, as tais “tramas golpistas” e outros tipos penais inventados pela corte derivados da Lei de Segurança Nacional.
No caso não se investiga indícios para se estabelecer se houve ou não um crime. Primeiro se estabelece o crime e depois são fabricados os indícios. Essa prática, tão comum aos militares, é que o STF adotou no caso das manifestações de 8 de janeiro, por isso os “depoimentos estranhos” e outros tantos que mudaram de versão conforme as ameaças que o STF faz contra o depoente.
O que é realmente estranho em tudo isso é a verdadeira fé da esquerda pequeno-burguesa tem no STF e no Sr. Alexandre de Moraes para combater seus inimigos políticos, sem levar em consideração que está em marcha uma manipulação eleitoral escancarada, que se neste momento está tirando Bolsonaro do pleito de 2026, amanhã ou depois será o próprio Lula, para o retorno dos verdadeiros políticos da burguesia.