A descoberta de um foco de gripe aviária em uma granja no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, pode causar um prejuízo de até 300 milhões de dólares por mês, o equivalente a 1,7 bilhão de ­reais, segundo estimativa do BTG Pactual. Até a quarta-feira 21, mais de 50 países haviam suspendido a compra de frangos do Brasil, entre eles a China – principal destino das exportações brasileiras – e os 27 integrantes da União Europeia.

Este é o primeiro registro do vírus H5N1 na avicultura comercial brasileira. Até então, haviam sido identificados apenas casos isolados em aves silvestres e criações domésticas. O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou a detecção da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) na sexta-feira 16. Na ocasião, o ministro Carlos Fávaro decretou estado de emergência zoossanitária por 60 dias no município de Montenegro, em um raio de 10 quilômetros ao redor do estabelecimento onde foram encontrados os animais contaminados.

Enquanto as autoridades sanitárias trabalham para isolar o foco e investigam outros casos suspeitos pelo País, o governo Lula pediu à China que reveja o embargo à carne de frango brasileira, restringindo a suspensão das importações somente à cidade gaúcha onde foi confirmada a contaminação de aves pelo H5N1. A nação asiática é a maior compradora de frango do Brasil, respondendo sozinha por 10,5% do valor exportado em 2024: 1,29 bilhão de dólares, em torno de 7,3 bilhões de reais na atual cotação.

O Ministério da Agricultura ressalta que a investigação de casos suspeitos é uma atividade rotineira e que não há risco de transmissão da gripe aviária pelo consumo de carne de frango ou ovos, desde que devidamente cozidos. A principal ameaça segue sendo a contaminação de outras aves.

“Prefiro o Lula”

cuidar da assessoria de imprensa do ex-presidente, com o apoio de dois profissionais. Em janeiro de 2023, durante conversa com o ­tenente-coronel Mauro Cid, o advogado compartilhou uma nota sobre a possível candidatura de Michelle à Presidência. Cid respondeu: “Prefiro o Lula”, e Wajngarten concordou: “Idem”. Em outro trecho, ele afirma que o PL pagaria 39 mil reais à ex-primeira dama “porque ela carrega o bolsonarismo sem a rejeição de Bolsonaro”. As mensagens, extraídas do celular de Cid pela Polícia Federal, foram reveladas pelo portal UOL.

Ameaça/ Na contramão de Belém

Senado aprova projeto que desfigura a legislação de licenciamento ambiental

Os impactos dos empreendimentos não deixarão de existir por decreto – Imagem: Augusto Miranda/Agência Pará

A seis meses de sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o Brasil avança na contramão de seus principais compromissos ambientais. Após o aval dado na véspera pelas comissões de Agricultura e de Meio Ambiente, o Senado aprovou, na quarta-feira 21, o Projeto de Lei que cria um novo marco legal para o licenciamento de atividades econômicas ou empreendimentos com impacto ambiental. Debatido há duas décadas no Congresso e aprovado em 2021 na Câmara, durante a “boiada” do governo Bolsonaro, o projeto, segundo ambientalistas, conseguiu ficar ainda pior após as alterações no texto feitas pelos senadores.

Uma das principais mudanças, bastante criticada pelo Ministério do Meio Ambiente, é o fim do licenciamento como é realizado hoje, em três etapas: prévia, de instalação e de operação. Se o projeto for definitivamente aprovado, passará a vigorar a Licença Ambiental Única (LAU), documento que, na visão da ex-ministra bolsonarista Teresa Cristina, do PP, relatora no Senado, simplificará em uma única etapa a concessão de licenças sem a necessidade de realização de Estudos de Impacto Ambiental (EIA).

Ódio sem fronteiras

Dois funcionários da Embaixada de Israel nos EUA foram mortos a tiros na noite da quarta-feira 21, em Washington. O ataque aconteceu do lado de fora do Museu Judaico. Um suspeito, identificado como Elías Rodríguez, de 30 anos, morador de Chicago, foi preso no local. Testemunhas relataram que ele gritou “Palestina livre” ao ser detido pela polícia. Segundo o embaixador israelense na capital americana, Yechiel Leiter, as vítimas formavam um casal que planejava se casar em breve. “Esses horríveis assassinatos em Washington, obviamente motivados por antissemitismo, devem parar agora!”, afirmou o presidente Donald Trump, em mensagem publicada na Truth Social. “O ódio e o radicalismo não têm lugar nos EUA.”

Fraude no INSS/ Atrás do prejuízo

Pedidos de reembolso de aposentados já somam 1 bilhão de reais

Estima-se que o esquema tenha lesado 9 milhões de beneficiários – Imagem: Pedro França/Agência Senado

Dados divulgados pela Advocacia-Geral da União revelam que os pedidos de reembolso realizados ao INSS por aposentados que tiveram valores descontados de forma fraudulenta em seus contracheques atingiram, na quarta-feira 21, o montante de 1 bilhão de reais. Segundo a direção do Instituto, perto de 1,8 milhão de beneficiários, em um universo de 9 milhões de vítimas potenciais do esquema, já solicitaram ressarcimento.

Uma investigação conjunta da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal identificou um grande esquema de descontos ilegais nos benefícios pagos pelo INSS entre 2019 e 2024. Os valores, debitados sem autorização dos aposentados e pensionistas, eram destinados a 41 entidades associativas que estão sendo investigadas. Na esteira da crise, a Câmara dos Deputados aprovou, na terça-feira 20, o pedido de urgência na votação do Projeto de Lei que proíbe a realização de descontos automáticos nos contracheques dos aposentados pelo INSS.

Portugal/ Radicalismo coroado

O ultradireitista Chega cresce e torna-se a segunda maior força política do país

Imagem: André Dias Nobre/AFP

As eleições em Portugal confirmaram o triunfo do conservadorismo, a forte ascensão da direita radical e a derrocada da esquerda. A Aliança Democrática, coalizão de centro-direita liderada pelo premier Luís Montenegro, venceu as eleições legislativas, mas precisará fazer concessões para formar um governo. Sob a liderança de André Ventura, o ultradireitista Chega cresceu e agora é a segunda maior força política do país, empatado com o Partido Socialista, que sofreu um duro revés no domingo 18.

Na ponta do lápis, a AD de Montenegro conquistou 89 cadeiras no Parlamento, nove a mais em relação à legislatura anterior, mas ainda distante das 116 necessárias para alcançar maioria e governar com estabilidade. O Chega, que elevou sua votação de 1,3% para 23% em apenas seis anos de existência, garantiu 58 assentos – o mesmo número obtido pelos socialistas, que perderam 20 vagas. Ainda resta a definição de quatro cadeiras, a partir do voto dos portugueses residentes no exterior, mas o histórico é favorável à direita radical: no último pleito, o Chega obteve duas delas.

Torcedor do Benfica, Ventura fez fama como comentarista de futebol antes de entrar na política. Formado em Direito e ex-inspetor tributário, ele era filiado ao Partido Social Democrata (PSD) – o mesmo de Montenegro – quando conquistou uma vaga na Câmara Municipal de Loures, nos arredores de Lisboa. A partir de então, notabilizou-se por declarações xenófobas e racistas até fundar o Chega, em 2019, para defender os “portugueses de bem” da suposta ameaça representada pelos imigrantes.

Embora não se declare um saudosista da ditadura salazarista, Ventura adotou o lema “Deus, Pátria e Família”, bastante apreciado pelos fascistas, acrescentando apenas “Trabalho” no fim da expressão. Apresenta-se como liberal na economia e conservador nos costumes, além de cultivar uma rede internacional de aliados extremistas, a exemplo do brasileiro Jair Bolsonaro e do húngaro ­Viktor Orbán. Após as eleições, gabou-se do resultado: “O Chega matou hoje o bipartidarismo em Portugal”.

Diante do drástico encolhimento nas urnas, Pedro Nuno Santos anunciou que deixará o comando do Partido Socialista, legenda que mais tempo governou Portugal, desde a Revolução dos Cravos, em 1974. Antes das eleições, o premier Montenegro descartou qualquer possibilidade de aliança com o Chega. A ver.

Apenas uma lembrancinha

“É uma coisa normal entre aliados”, afirmou o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, ao comentar o “presentinho” que ofereceu a Donald Trump: um luxuoso Boeing 747, avaliado em 400 milhões de dólares. A oferta gerou forte contestação nos EUA, e o congressista Chuck Schumer, líder do Partido Democrata no Senado, chegou a propor uma lei para impedir a incorporação do mimo à frota presidencial. Encantado com as salas amplas e a requintada decoração da aeronave, Trump tem menosprezado as acusações de conflito de interesses: “Eu teria de ser muito burro para dizer ‘não, não quero um avião muito caro de graça’”.

Publicado na edição n° 1363 de CartaCapital, em 28 de maio de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

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Last Update: 22/05/2025