Ministros do STF querem que o governo Lula reaja às ameaças de sanções dos EUA contra Alexandre de Moraes, apontadas como tentativa de interferência no Judiciário
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se manifestar diante das ameaças dos Estados Unidos de impor sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. Quatro magistrados ouvidos pela coluna da Malu Gaspar, ao GLOBO, defenderam que o governo brasileiro deixe claro ao governo de Donald Trump que “não cabe aos EUA intervir no Poder Judiciário de outro país”.
Esta não é a primeira vez que integrantes do STF cobram uma reação do Planalto a investidas de autoridades americanas contra Moraes. Há cerca de três meses, os ministros já haviam demandado um posicionamento após os ataques do bilionário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), ao magistrado. Há meses, diplomatas do Itamaraty tentam explicar a representantes dos EUA o papel do STF na democracia brasileira.
EUA avaliam sanções contra Moraes
Conforme revelado pela colunista Malu Gaspar, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que o governo Trump “estuda implementar sanções contra Moraes”. A declaração foi dada durante depoimento na Comissão de Relações Exteriores do Congresso dos EUA, nesta quarta-feira (21).
Ao ser questionado pelo deputado republicano Corry Mills, da Flórida, sobre a possibilidade de sanções, Rubio respondeu:
— “Isso está sob análise no momento e há uma grande possibilidade de que isso aconteça.”
Eduardo Bolsonaro comemora e STF reafirma postura
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos articulando com congressistas republicanos e aliados de Trump, comemorou a declaração: “Venceremos”.
No STF, os ministros mantêm a posição de que a Corte não recuará diante de pressões externas. Eles afirmam que os magistrados seguirão cumprindo suas funções, inclusive no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado.
A possibilidade de sanções dos EUA contra um ministro do STF acende o debate sobre interferência estrangeira no Judiciário brasileiro. Enquanto o governo Lula ainda não se pronunciou oficialmente, o Supremo demonstra resistência a qualquer tentativa de pressão internacional.
