O general Julio Cesar de Arruda, ex-comandante do Exército, afirmou nesta quinta-feira 22, ao Supremo Tribunal Federal, que não impediu a entrada da Polícia Militar do Distrito Federal no Quartel-General do Exército na noite de 8 de janeiro de 2023. 

Segundo ele, a atuação das forças de segurança precisava ser “coordenada” com autoridades civis e militares diante da tensão após os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes em Brasília.

Arruda prestou depoimento como testemunha de defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), no processo que apura a tentativa de golpe de Estado. À época dos ataques, o general chefiava o Exército havia menos de dez dias. Ele foi exonerado ainda em janeiro daquele ano, após desgaste com o governo Lula (PT).

Durante a audiência, conduzida pelo ministro relator Alexandre de Moraes, o general foi confrontado com relatos de que teria se recusado a permitir que a PM prendesse os manifestantes que voltaram ao acampamento em frente ao QG do Exército. “Eu não neguei. Quando soube que a polícia ia prender todo mundo, disse que isso precisava ser coordenado. Estavam comigo o ministro José Múcio (Defesa), Flávio Dino (Justiça) e o general Dutra. A decisão foi tomada em conjunto”, declarou.

Arruda negou ainda qualquer enfrentamento direto com o então comandante da PMDF, coronel Fábio Augusto, que relatou à Polícia Federal ter ouvido do general a frase: “Minha tropa é um pouco maior que a sua”. Indagado sobre o episódio por Moraes, Arruda disse não se lembrar da conversa.

A Procuradoria-Geral da República afirma que o acampamento em frente ao QG serviu como base de articulação para os atos golpistas, e que houve resistência por parte da cúpula militar em permitir a prisão em flagrante dos envolvidos. Arruda, por sua vez, afirmou que sua prioridade naquele momento era “acalmar os ânimos”.

O depoimento de Arruda encerrou a etapa de oitivas das testemunhas de defesa de Mauro Cid.

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Last Update: 22/05/2025