Dia sim, dia não, aparecem cenas da Polícia Militar paulista espancando pessoas, entrando em casas e assassinando jovens. E, para cada denúncia, há uma resposta padrão: “A Polícia Militar informa que não aceita esse tipo de comportamento”. E nada mais diz. É quase certo que os assassinos não serão punidos, que mais comandantes legalistas serão afastados, e mais oficiais da Rota assumirão cargos de comando.

Nesse momento, o Supremo Tribunal Federal julga os golpistas de 8 de janeiro, especialmente os militares que participariam da Operação Punhal Verde, para eliminação física do presidente da República, do vice-presidente e de Ministros do STF.

O golpe não frutificou por dois motivos. De um lado, pela resistência de dois comandantes militares, especialmente o Ministro do Exército. Agora se compreende porque, menos de 20 dias após a reunião em que foi ameaçado de prisão, se incorresse em ilegalidade, Bolsonaro se mandou para Miami.

Outro fato foi a articulação de Procuradores estaduais, junto com o Procurador Geral da República (PGR) Augusto Aras, de decretar estado de emergência nos estados, obrigando as PMs a ficarem acampadas nos quartéis.

Se o golpe fosse vitorioso em 8 de janeiro, o país teria sido chacoalhado por um mar de sangue. Os Kids Pretos já tinham arrebentado a hierarquia das FFAAs e as milícias abrigadas nos CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores) estavam e estão fortemente armadas, a partir de medidas adotadas por Bolsonaro.

Os episódios de dezembro, com incêndio de ônibus, ameaça de bomba no aeroporto de Brasília e na sede da Polícia Federal, as tentativas de implodir torres de energia, e a própria violência nos prédios públicos, dá uma ideia do que teria acontecido. Seria uma reedição da Noite dos Longos Punhais que marcou o início do governo de Hitler.

Como seria um eventual governo Tarcísio de Freitas?

Seria a mesma coisa que o segundo governo Donald Trump, aprendendo em cima dos erros estratégicos do primeiro.

Primeiro, avançaria no processo de milicialização das PMs, como tem feito em São Paulo. Depois, a partir do primeiro dia de governo, passaria a mudar os comandos das Forças Armadas, afastando oficiais legalistas e colocando Kid Pretos nos comandos. E inundaria o serviço público com militares da reserva, consolidando o apoio da corporação.

Não se trata de elucubração, de teoria conspiratória, mas de uma conclusão óbvia. 

O apoio dos veículos de mídia deve-se apenas à possibilidade de, Tarcísio, eleito, privatizar Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, destruir todas as políticas sociais e proporcionar negócios muito maiores do que o da escandalosa privatização da Sabesp.

Mas valerá o risco político? O que ocorrerá com a imprensa, quando Tarcísio consolidar seu poder político, fundado em milícias armadas? O que ocorrerá com a Justiça, quando se dispuser a afrontar os princípios jurídicos e se aliar à ala mais conservadora do Judiciário? Valerá a pena destruir o sistema de ciência e tecnologia – como ele está fazendo em São Paulo -, desmontar os amortecedores sociais e deixar a sociedade nas mãos dos Derrites e seus assassinos.

A falta de visão de parte da elite brasileira é histórica. Mas nunca a selvageria esteve tão ameaçadora quanto agora.

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Last Update: 22/05/2025