Há 35 anos, em 22 de maio de 1990, Ali Abdullah Saleh, então presidente do Iêmen do Norte, declarou: “a unificação da República Árabe do Iêmen e da República Democrática Popular do Iêmen formou a República do Iêmen”. Naquele dia, em uma cerimônia oficial realizada em Sanaa, os dois governos assinaram a ata de unificação e proclamaram formalmente a criação do novo Estado.

Foi estabelecido um governo conjunto, com Saleh como chefe de Estado e Ali Salim al-Baidh, do antigo Iêmen do Sul, como vice-presidente. Também foi anunciada uma nova bandeira, um novo hino nacional e a integração das instituições militares, políticas e administrativas. A unificação encerrou décadas de divisão e marcou um passo fundamental para a consolidação de um Estado soberano no sul da Península Arábica.

O Iêmen do Norte havia se tornado independente em 1918, após o colapso do Império Otomano, sendo posteriormente governado por um regime tribal republicano, apoiado pela Arábia Saudita. Já o Iêmen do Sul, antiga colônia britânica, conquistou a independência em 1967, sendo governado por um regime marxista aliado da União Soviética. Após os conflitos armados de 1972 e 1979 entre os dois países, as negociações ganharam impulso com a descoberta de petróleo nas províncias fronteiriças de Marib e Shabwah. Em 1988, os governos do Norte e do Sul anunciaram: “firmamos acordos para exploração conjunta e desmilitarização da fronteira”.

No ano seguinte, Ali Abdullah Saleh e Ali Salim al-Baidh aprovaram uma constituição unificada. Em 1990, os dois líderes proclamaram: “hoje nasce o Iêmen unificado, com Sanaa como capital”. Saleh assumiu a chefia de Estado e al-Baidh tornou-se chefe do governo. A transição incluiu eleições em 1993, mas logo foi seguida por conflitos com setores separatistas do Sul. Em maio de 1994, líderes do antigo Iêmen do Sul declararam: “queremos a independência”.

A tentativa de secessão teve apoio da Arábia Saudita, mas foi derrotada em julho do mesmo ano. Após a vitória na guerra civil, Saleh afirmou: “a unificação prevaleceu, ainda que às custas de 7 a 10 mil vidas”.

Desde então, o Iêmen passou a enfrentar com maior firmeza as pressões externas. Em retaliação à neutralidade do país na Guerra do Golfo, a Arábia Saudita expulsou 800 mil trabalhadores iemenitas. Em 2015, com o avanço da coalizão liderada pelos sauditas, o país voltou a ser palco de uma guerra de agressão. Apoiado por amplos setores da população do Norte, o partido revolucionário Ansar Alá passou a liderar a resistência armada contra o imperialismo e reafirmou o compromisso com a integridade territorial iemenita.

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Last Update: 22/05/2025