
Carlos Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da FAB (Força Aérea Brasileira), confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro promoveu uma reunião sobre a minuta golpista em 2022 e que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, ameaçou prendê-lo caso o plano fosse levado adiante. O brigadeiro é ouvido na condição de testemunha pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Freire Gomes é uma pessoa polida e educada, não falou com agressividade, ele não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, calma, mas colocou exatamente isso. ‘Se fizer isso, vou ter que te prender’”, afirmou Baptista Júnior ao ser questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre o tema.
O brigadeiro já havia relatado que Freire Gomes deu voz de prisão em um depoimento à Polícia Federal. À corporação, ele ainda disse que deixou claro a Bolsonaro que “não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no poder”, mas que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, não tinha “uma postura de consenso” com os demais chefes das Forças Armadas.
Ele foi convocado para prestar depoimento tanto como testemunha de acusação da Procuradoria-Geral da República e como de defesa dos réus Bolsonaro, Garnier e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa).
A defesa de Garnier questionou mais uma vez Baptista Júnior sobre a ameaça de prisão de Freire Gomes contra Bolsonaro e o brigadeiro confirmou novamente:
“Repito aqui. O comandante do Exército é uma pessoa muito polida, muito calma e muito tranquila. Mas é muito firme quando precisa. Eu vi a repercussão do depoimento dele. Não é uma coisa simples você esquecer o comandante do Exército dizer uma possiblidade. A minha palavra eu mantenho: ele disse que, por hipótese, se ele atentasse, teria de prender ele. Eu mantenho isso”.

Baptista Júnior ainda foi questionado se Bolsonaro tinha informações de que não houve fraude nas eleições de 2022 e confirmou que o então presidente teve conhecimento da lisura do sistema eleitoral por meio de um de seus ministros.
“Sim, [Bolsonaro foi informado] através do ministro da Defesa. Além de reuniões que eu falei, o ministro da Defesa que despachava sobre esse assunto”, prosseguiu.
O ex-comandante da Aeronáutica ainda foi perguntado sobre um relatório que confirmava a confiabilidade das urnas e se Bolsonaro teria tentado barrar a divulgação do documento. “Sim. O relatório foi entregue. Eu ouvi que sim [pressionou pelo adiamento da divulgação], certamente outras testemunhas poderão dar isso com mais precisão”, respondeu.
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