Mais de 30 mercados internacionais suspenderam a importação de carne de frango do Brasil após a confirmação de um foco de gripe aviária no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.

A informação foi divulgada nesta quarta-feira (data do comunicado) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, que classificou a reação como uma resposta direta à notificação sanitária.

Entre os países que determinaram a suspensão total das importações estão China, União Europeia, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, África do Sul, União Euroasiática, Peru, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Bolívia, Sri Lanka, Paquistão, Filipinas e Jordânia. Esses mercados optaram por interromper totalmente a entrada do produto avícola brasileiro, independentemente do estado de origem.

Outros nove países restringiram as compras exclusivamente às carnes oriundas do Rio Grande do Sul. Nesse grupo estão Reino Unido, Bahrein, Cuba, Macedônia, Montenegro, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão e Ucrânia. As suspensões regionais foram estabelecidas com base na localização do foco da gripe aviária, identificado no município gaúcho.

As autoridades sanitárias do Japão e da Arábia Saudita anunciaram, por sua vez, restrições direcionadas apenas ao município de Montenegro, onde foi confirmado o surto da doença.

A delimitação da suspensão por município reflete uma abordagem mais específica adotada por alguns países, em contraste com as proibições totais aplicadas por outros mercados.

O Ministério da Agricultura afirmou que está mantendo comunicação com os governos estrangeiros, com o objetivo de apresentar informações técnicas relacionadas ao caso.

Segundo nota divulgada pela pasta, “as ações adotadas visam garantir a segurança sanitária e a retomada segura das exportações o mais breve possível”. O governo brasileiro informou ainda que o diálogo com os países importadores ocorre de maneira “ágil e transparente”.

O episódio representa um novo desafio para a cadeia produtiva da avicultura nacional, que tem no mercado externo um de seus principais destinos. O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de carne de frango, com embarques destinados a dezenas de países em diferentes continentes.

Em 2023, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações brasileiras ultrapassaram 5 milhões de toneladas da proteína.

A confirmação do foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul ocorreu após a detecção do vírus em aves de subsistência. A partir da notificação, os protocolos previstos em normas sanitárias internacionais foram imediatamente acionados pelas autoridades brasileiras, incluindo a comunicação à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e aos parceiros comerciais.

De acordo com a legislação internacional, países livres de influenza aviária de alta patogenicidade devem notificar qualquer ocorrência da doença em seu território. Embora o caso no Rio Grande do Sul envolva aves não destinadas à produção industrial, a repercussão internacional gerou efeitos diretos sobre o comércio exterior da carne de frango brasileira.

A suspensão de importações por parte de parceiros comerciais é uma prática prevista em tratados e acordos sanitários, que autorizam restrições temporárias em função de riscos à saúde animal. Cada país tem autonomia para determinar o escopo da proibição, seja por território nacional, estado ou município afetado.

A atual suspensão se soma a episódios anteriores envolvendo gripe aviária em diferentes regiões do mundo, nos quais medidas similares foram adotadas. Segundo especialistas do setor, o tempo de duração das restrições pode variar conforme o andamento das investigações sanitárias e a apresentação de garantias pelas autoridades do país exportador.

O Ministério da Agricultura não informou prazo para a normalização das exportações, mas afirmou que continuará atualizando os importadores com base nos resultados das análises laboratoriais e nas ações de contenção adotadas na área afetada.

O surto em Montenegro foi o primeiro caso registrado no estado do Rio Grande do Sul em 2024. Desde o início do ano, o Brasil tem monitorado casos isolados da doença em diversas regiões, seguindo o plano de vigilância epidemiológica estabelecido pelas autoridades sanitárias.

A OMSA, por sua vez, mantém acompanhamento das notificações de gripe aviária em diferentes continentes, considerando os riscos de disseminação do vírus entre aves selvagens e comerciais.

As empresas do setor avícola acompanham a situação e aguardam orientações oficiais para ajustar seus fluxos de exportação. Segundo a ABPA, os exportadores já estão em contato com os compradores internacionais para esclarecer os desdobramentos do caso no Rio Grande do Sul.

Enquanto isso, o governo federal reforça que medidas preventivas seguem em execução nas regiões próximas ao foco da doença, com ações de fiscalização, controle de trânsito de aves e intensificação das atividades de vigilância sanitária.

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Last Update: 21/05/2025