O país rompe o silêncio e adota um tom direto contra os EUA, exigindo o fim das tarifas em meio a conversas que prometem ser cruciais


O Japão esclareceu nesta terça-feira (20) sua posição sobre as tarifas impostas pelos EUA, afirmando que deseja a completa eliminação de todos os novos impostos implementados pelo governo do presidente Donald Trump. A declaração confirma uma postura firme antes das negociações de alto nível que podem ocorrer ainda esta semana em Washington.

“Como já dissemos repetidamente, consideramos extremamente lamentáveis as medidas tarifárias dos EUA, incluindo as sobre automóveis, peças automotivas, aço, alumínio e as tarifas recíprocas”, afirmou Ryosei Akazawa, principal negociador de tarifas do Japão, em entrevista coletiva.

Segundo o The Japan Times, até então, a posição que o Japão adotaria na próxima rodada de negociações não estava clara, com autoridades pedindo repetidamente que os EUA “revisassem” as medidas. O termo era aberto a interpretações e poderia sugerir que o Japão estava sinalizando disposição para um acordo.

Nesta terça-feira, Akazawa encerrou qualquer dúvida enquanto os dois países se preparam para uma terceira rodada de negociações tarifárias de alto nível.

“Não há diferença de entendimento entre o primeiro-ministro e eu”, continuou ele. “Minha posição permanece exatamente a mesma desde o início das negociações: essas medidas são lamentáveis, e estamos pedindo que sejam revisadas — ou seja, queremos que sejam eliminadas”, afirmou Akazawa.

O primeiro-ministro Shigeru Ishiba informou a altos funcionários do Partido Liberal Democrata (PLD) na segunda-feira que estão sendo feitos os preparativos para Akazawa visitar os EUA ainda esta semana, disse Hiroshi Moriyama, secretário-geral do PLD.

Akazawa afirmou nesta terça-feira que a reunião ainda está sendo organizada e que coordenar com seus homólogos americanos — o secretário do Tesouro, Scott Bessent; o representante comercial, Jamieson Greer; e o secretário de Comércio, Howard Lutnick — tem sido muito difícil.

“Os três estão muito ocupados, e é extremamente difícil alinhar a agenda de todos com a minha. Então, nesse sentido, a cada vez, coordenar o momento certo tem sido um grande desafio”, disse ele.

O público japonês tem pouca confiança nas negociações. Uma pesquisa do Yomiuri Shimbun na semana passada mostrou que apenas 19% das 1.072 pessoas entrevistadas têm expectativas em relação às discussões, enquanto 72% disseram não ter.

As duas rodadas anteriores de negociações de alto nível entre EUA e Japão foram cordiais, mas não produziram avanços concretos. A divergência entre as posições de ambos os lados continua grande.

Os EUA pretendem manter o foco nas tarifas recíprocas — fixadas em 24% para o Japão e com entrada em vigor prevista para julho —, enquanto o Japão quer discutir todas as tarifas, incluindo as básicas de 10% e os impostos de 25% sobre automóveis, peças automotivas, aço e alumínio.

Analistas sugerem que o Japão pode estar deliberadamente atrasando as negociações na esperança de que os EUA revertam as tarifas por conta própria, à medida que a pressão econômica e política aumenta.

“O importante é alcançar um acordo que beneficie tanto o Japão quanto os Estados Unidos”, disse Akazawa nesta terça-feira.

“Não podemos deixar que o desejo de chegar a um acordo rapidamente prejudique os interesses nacionais do Japão. Continuaremos nossos esforços visando o que melhor serve os interesses do Japão e o que é mais eficaz entre todas as opções possíveis.”

O ministro das Finanças, Katsunobu Kato, deve conversar com Bessent sobre questões cambiais durante a reunião do G7 de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais em Banff, no Canadá, entre terça e quinta-feira, informou Kato nesta terça-feira.

Ele destacou que a taxa de câmbio será discutida seguindo o mesmo tom das conversas anteriores sobre moeda, realizadas em Washington no mês passado. Os dois não trataram de metas cambiais ou gestão coordenada da taxa.

Com informações de Japan Times*

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Last Update: 21/05/2025