As eleições legislativas de 2025 em Portugal deixaram uma mensagem clara para quem quer enxergar além da espuma da propaganda oficial: o sistema político português apodreceu, e a falsa esquerda ajudou a extrema direita a crescer.
A volta dos mortos-vivos: AD ressurge com a cara do PS
A coligação AD (Aliança Democrática), formada por PSD e CDS, voltou ao poder após anos de descrédito. Essa “ressurreição”, porém, só foi possível porque o PS passou os últimos anos aplicando a mesma política neoliberal, que condenou Portugal à precariedade, ao desemprego e à submissão à União Europeia.
Prometendo mudanças, o PS governou como um tecnocrata qualquer. Geriu a crise para os banqueiros e deixou o povo com migalhas. Não surpreende que o eleitor cansado tenha procurado “novidades” — ainda que em trajes antigos como a AD.
Com o terreno fértil da insatisfação social, o partido de extrema direita Chega atingiu o mesmo número de deputados que o PS, surfando na crise com uma propaganda “anti-sistema”, mas que não é outra coisa além de demagogia.
O que o Chega propõe não é solução, é veneno. Mas em meio à desesperança e ao repúdio contra a ditadura imperialista, a retórica violenta se disfarça de alternativa. Ventura e seus aliados se apresentam como os únicos que “enfrentam o sistema” — ainda que na prática, defendam o mesmo capitalismo decadente que gerou o caos.
Bloco de Esquerda afundado no identitarismo
Do outro lado, o Bloco de Esquerda perdeu o rumo. Abandonou a luta de classes e passou a disputar hashtags. O foco em reivindicações identitárias desconectadas da vida real do povo, afastou a base popular.
Enquanto a extrema direita fala — mesmo que cinicamente — sobre salário, emprego e segurança, o Bloco se isola em debates estéreis sobre linguagem e representatividade parlamentar, esquecendo que o povo quer pão, saúde e moradia.
A coligação CDU (PCP e Verdes) segue como a legenda mais próxima dos trabalhadores, mas sem força, sem ousadia e sem mobilização real. A postura dócil, a falta de crítica dura ao regime da União Europeia e o conformismo institucional fazem da CDU um partido parado no tempo.
Enquanto o Chega finge “bater no sistema”, a CDU age como um “tiozão” acomodado, que já não acredita em revolução nem em greve geral. E assim, perde espaço — não porque o povo virou fascista, mas porque exige ação e seriedade.
Com a esquerda institucional em ruínas e a extrema direita ganhando voz, o caminho está aberto: ou a classe trabalhadora organiza uma alternativa revolucionária, combativa, ligada às lutas concretas, ou continuará sendo usada como massa de manobra por partidos a serviço do capital.
Portugal precisa de uma nova esquerda — socialista, radical e popular — que fale a língua do povo, defenda os seus direitos e confronte os donos do poder de verdade. O resto é maquiagem sobre um cadáver político.