Há 154 anos, tropas do governo francês invadiram a Comuna de Paris, iniciando a chamada Semana Sangrenta, iniciando um conflito, que durou até 28 de maio, resultou na morte de cerca de 20 mil comunardos e na prisão de 38 mil, esmagando definitivamente a tentativa de se estabelecer um governo popular na capital francesa. A ofensiva marcou o fim da Comuna, um experimento revolucionário que, por 72 dias, desafiou a burguesia, sendo já o primeiro indício concreto de que os trabalhadores, em algum momento, derrotariam a ditadura da burguesia.
A Comuna de Paris surgiu em 18 de março de 1871, quando trabalhadores, artesãos e setores populares tomaram o controle da cidade, revoltados com a rendição francesa aos prussianos e a crise social agravada pela guerra. Sob influência de socialistas e anarquistas, os comunardos instauraram um governo autônomo, implementando medidas como a separação entre Igreja e Estado, a educação gratuita e a criação de cooperativas. O governo de Adolphe Thiers, instalado em Versalhes, viu na Comuna uma ameaça à ordem e mobilizou o exército para retomá-la.
Em 21 de maio, as tropas de Versalhes, compostas por cerca de 130 mil soldados, entraram em Paris pelo oeste, enfrentando barricadas erguidas pelos comunardos. Os combates de rua foram intensos, com os defensores da Comuna, mal armados e desorganizados, resistindo em bairros como Belleville e Montmartre.
A repressão foi implacável: soldados executaram prisioneiros sumariamente e incêndios, atribuídos tanto aos comunardos quanto às tropas, devastaram partes da cidade, incluindo o Palácio das Tulherias. Em 28 de maio, a resistência foi esmagada, e a repressão continuou com julgamentos em massa e deportações para colônias penais, como a Nova Caledônia.
A Semana Sangrenta deixou um legado de violência e divisão. Estima-se que, além dos 20 mil mortos, milhares de comunardos foram executados sem julgamento. O evento, registrado em relatos de testemunhas e documentos da época, como os arquivos do governo de Versalhes, marcou a história como um exemplo da brutalidade empregada pela burguesia contra os trabalhadores. A Comuna, no entanto, apesar de sua derrota, permaneceu como um símbolo do alvorecer de uma nova etapa histórica, de liberdade para a classe trabalhadora.