Nesta segunda-feira (19), o Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS, na sigla em inglês) anunciou, por meio de publicação no X, recompensa a quem fornecer informações sobre o Hesbolá.

A publicação foi feita na página em português do programa Rewards for Justice, um programa do Departamento de Estado dos EUA, que, coordenando várias agências de repressão, “oferece recompensas por informações que levem à localização ou prisão de líderes de grupos terroristas, financiadores do terrorismo, incluindo qualquer indivíduo que conspirar contra ataques realizados por organizações terroristas estrangeiras”.

Consta nela a oferta de “recompensa de até US$10 milhões por informações sobre rede financeiras do Hezbollah na América do Sul”. Oferecendo também “relocação”, o imperialismo norte-americano calunia o Hesbolá, acusando falsamente o partido libanês de realizar atividades criminosas na região da Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina, Paraguai):

“As redes financeiras do Hesbolá na América do Sul, especialmente na área da Tríplice Fronteira da Argentina, Brasil, Paraguai, têm gerado receita por meio de lavagem de dinheiro, tráfico de narcóticos, falsificação de dólares americanos, comércio ilícito de diamantes e contrabando de dinheiro em espécie, carvão, cigarros e petróleo”, diz a publicação caluniosa do Departamento de Estado dos EUA.

A oferta de recompensa foi tornada pública no mesmo dia pela Embaixada dos EUA em Brasília, bem como pelas embaixadas norte-americanas no Paraguai e na Argentina.

Esta clara violação à soberania do Brasil ocorreu no mesmo dia em que o almirante Alvin Holsey, chefe do SouthCom, o comando Sul das Forças Armadas dos EUA, desembarcou em Brasília para uma visita de três dias. Em sua estadia, o funcionário do imperialismo deverá se reunir com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, e com os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.

Nem sequer o Estadão, jornal serviçal do imperialismo no Brasil, conseguiu esconder a violação à soberania brasileira, e noticiou que “sob a condição de anonimato, generais afirmaram que a oferta de recompensa soou como provocação e compromete o diálogo e a cooperação com o governo americano, que parece preferir a ‘lacração de internet’ ao trabalho sério com os países da região”.

O jornal também informou que “questionou se o Itamaraty foi informado antes da publicação sobre a oferta americana”, mas que a embaixada dos EUA ainda não havia respondido. Igualmente, o Estadão informou que entrou em contato com o Itamaraty para se saber se o governo brasileiro foi informado sobre a oferta imperialista de recompensa, mas não houve resposta.

Em demonstração de que, apesar de quaisquer divergências entre o governo Donald Trump e o setor principal do imperialismo, os países imperialistas estão unificados em sua ofensiva contra a resistência palestina e o Eixo da Resistência, o ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, anunciou que a França irá construir uma prisão de segurança máxima em seu território ultramarino da Guiana Francesa “com o objetivo de abrigar traficantes de drogas e radicais islâmicos”.

Em declaração, o chefe do aparato de repressão do imperialismo francês utilizou como principal pretexto para a construção da prisão o tráfico de drogas: “o novo presídio será regido por um regime carcerário extremamente rígido, criado para incapacitar os traficantes de drogas mais perigosos”, acrescentando que a prisão servirá para deter pessoas “no início do rastro das drogas”, bem como tem o objetivo de ser um “meio duradouro de remover os chefes das redes de tráfico de drogas” na França. 

Conforme informado pela Agence France Presse, agência de notícias do imperialismo francês, “região é considerada uma ‘encruzilhada’ para o tráfico de drogas, principalmente do Brasil e do Suriname”, um pretexto utilizado pela França para justificar a construção da prisão na selva amazônica.

Cumpre destacar que a Guiana Francesa está localizada a apenas 718km da região de Essequibo, historicamente pertencente à Venezuela, mas que agora é ocupada pelo imperialismo através do domínio imperialista sobre a Guiana.

Ainda no âmbito da campanha imperialista de “combate ao tráfico de drogas”, cabe destacar que a ditadura fascista de El Salvador, chefiada pelo ditador Nayib Bukele, um lacaio do imperialismo, já prendeu mais 84.200 pessoas desde março de 2022, quando o governo deu início ao chamado “Estado de Exceção” ou “Guerra contra as Gangues”.

Para viabilizar  a campanha de repressão fascista, em janeiro de 2023 o governo Bukele construiu o chamado Centro de Confinamiento del Terrorismo (CECOT), prisão de segurança máxima em Tecoluca com capacidade para 40 mil pessoas.

Além disso, há menos de um mês, o presidente do Paraguai, ditador lacaio do imperialismo, aprovou três decretos (3758, 3759, 3760) para “designar como organização terrorista o denominado ‘Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica’, bem como ampliar suas anteriores designações às organizações terroristas ‘Hamas’ e ‘Hesbolá’, em todos seus componentes”, conforme noticiado por este Diário.

A medida foi elogiada pelo Departamento de Estado. Em comunicado à imprensa, o órgão destacou que os EUA objetivam controlar a Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai sob o pretexto de combater o “terrorismo”.

Paraguai classifica Irã, Hamas e Hesbolá como terroristas

O combate ao terrorismo vem, há no mínimo um quarto de século, sendo utilizado pelos Estados Unidos e demais países imperialistas, como pretexto para golpes de Estado e invasões contra países oprimidos, especialmente países do Oriente Próximo. Com destaque para as invasões ao Iraque, Afeganistão e Síria.

Atualmente, as acusações caluniosas de terrorismo são utilizadas contra o Hamas e demais organizações da Resistência Palestina e contra o Eixo da Resistência, coalizão composta pelo Irã, Iêmen, Hesbolá e vários outros grupos revolucionários que atuam no Iraque e em outros países da região.

Nesse sentido, a mais recente violação da soberania do Brasil por parte dos EUA faz parte da ofensiva do imperialismo contra a Resistência Palestina e o Eixo da Resistência, cujas ações revolucionárias estão levando “Israel” ao colapso, bem como aprofundando a crise nos países imperialistas, cujas populações se mobilizam contra o genocídio na Palestina.

É preciso relembrar, no entanto, os inúmeros casos de violação da soberania brasileira pelos Estados Unidos e por “Israel”, que ordenam a Polícia Federal e o Poder Judiciário brasileiro a reprimir todos aqueles no Brasil que lutam em defesa da Palestina, bem como proibindo palestinos de entrarem no País.

Já em 8 de agosto de 2024, o aparato de repressão brasileiro deportou ilegalmente, a mando do Mossad e da CIA, o palestino Muslim Abuumar. Conforme noticiado por este Diário à época, Abuumar foi deportado sob a alegação de que teria ligações com o Hamas, organização que a Polícia Federal classificou como terrorista seguindo as diretrizes dos EUA, da Interpol e de “Israel”, violando a própria legislação brasileira e o entendimento do governo federal nacional.

DCO entrevista palestino expulso do Brasil pela Polícia Federal

Mostrando a intensificação do controle dos EUA e de “Israel” sobre as instituições brasileiras, em setembro do mesmo ano, o Judiciário condenou Lucas Passos, brasileiro, a 16 anos de prisão por “atos preparatórios de terrorismo”. Ele foi acusado falsamente de ter sido recrutado pelo partido libanês Hesbolá para promover ataques contra judeus no Distrito Federal. 

Os supostos “atos preparatórios”, porém, se baseiam nas alegações de que Lucas Passos teria pesquisado na Internet sobre sinagogas, cemitérios e embaixadas israelenses, além de coletar informações sobre líderes religiosos judeus – coisas que, ainda que fossem provadas como verdadeiras, não são crime no Brasil, conforme destacado por este Diário à época.

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Ainda em 2024, no mês de dezembro, o marroquino Abdelkrim Ennahi, conhecido como Karim, foi detido pela PF no Aeroporto Internacional de Guarulhos após chegar de viagem do Catar. Ele foi detido por seu apoio à Palestina, expresso através de publicações em sua página no Facebook denunciando o genocídio perpetrado pelo Estado de “Israel” contra o povo palestino.

Eventualmente, conforme igualmente noticiado pelo Diário Causa Operária à época, ele foi acusado pela PF de terrorismo e separado de sua família. Uma decisão da ministra golpista Cármen Lúcia decretou sua prisão preventiva para fins de extradição. À época, sua esposa, que estava grávida, relatou viver em condições precárias com os filhos sem ter qualquer apoio ou contato com o marido.

Exclusivo: marroquino pró-Palestina é preso a mando da Interpol

As perseguições e violações à soberania do Brasil não pararam por aí. Já no início deste mês de maio, este Diário denunciou que a Polícia Federal (PF) estava mantendo um palestino preso no aeroporto de Guarulhos há mais de 20 dias. Abdullah Abu Zaid foi detido em 14 de abril e acabou sendo solto em 8 de maio, mas a perseguição a mais este palestino demonstra que a Polícia Federal é controlada pelo Mossad e pela CIA.

Exclusivo: refém da Polícia Federal, palestino não vê a família há 20 dias

Por fim, destaca-se ainda que o Partido da Causa Operária (PCO) vem sendo alvo de intensa perseguição por parte do aparato de repressão brasileiro a mando do sionismo e do imperialismo. Devido, justamente, a sua defesa enfática do povo palestino e suas organizações de resistência e por sua luta consequente contra “Israel” e o imperialismo. O Partido está, inclusive, sob ameaça de ter seu registro cassado.

PCO começa campanha contra ditadura judicial que ameaça partido

Tais violações à soberania brasileira, quando a Polícia Federal e o Judiciário agem a serviço do Mossad e da CIA, processando, condenando e prendendo brasileiros e palestinos e perseguindo partido político e seus militantes, faz parte de contraofensiva do imperialismo contra a Resistência Palestina e o Eixo da Resistência, para salvar “Israel” e conter a mobilização em defesa dos palestinos em todo o mundo.

A situação impõe a necessidade de o governo Lula romper imediatamente as relações com “Israel”, país artificial genocida e que persegue cidadãos brasileiros, violando a soberania nacional.

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Last Update: 21/05/2025