Promessas de mediação entre Rússia e Ucrânia reacendem o debate sobre o papel dos EUA e o futuro da guerra que já dura quase três anos


No ano passado, Donald Trump assegurou que poderia acabar com a Guerra na Ucrânia em “24 horas”. Recentemente, porém, o ex-presidente americano afirmou que a resolução do conflito só seria possível após um encontro pessoal com o presidente russo, Vladimir Putin. Na segunda-feira (19), o cenário voltou a mudar. Após uma conversa telefônica de duas horas com Putin, Trump declarou que um acordo de paz só poderia ser estabelecido diretamente entre Rússia e Ucrânia — possivelmente com a mediação do papa Leão 14.

Apesar disso, o republicano manteve o tom otimista, escrevendo em suas redes sociais que ambos os lados “iniciariam imediatamente” as tratativas para um cessar-fogo e o fim do conflito.

No entanto, a postura russa parece divergir dessa perspectiva.

Putin limitou-se a dizer que Moscou está disposta a trabalhar com a Ucrânia na elaboração de um “memorando sobre um possível futuro acordo de paz”.

Discussões sobre memorandos e um “futuro possível” dificilmente parecem ser a base para um acordo concreto e duradouro em curto prazo.

O líder russo reiterou que qualquer solução deve abordar as “causas profundas” da guerra — que, segundo o Kremlin, incluem a aproximação da Ucrânia com a Europa.

Em sua publicação na Truth Social após o telefonema, Trump afirmou que Rússia e Ucrânia “começarão as negociações imediatamente”, deixando claro que “as condições serão discutidas entre as partes”.

Mas há indícios de que a postura recente de Trump possa significar um afastamento dos EUA das negociações.

Mais tarde, na segunda-feira, o ex-presidente garantiu que não abandonaria o papel de mediador, mas admitiu que há uma “linha vermelha na cabeça”, referindo-se aos limites da interferência americana.

“Grandes egos estão envolvidos, mas acredito que algo vai acontecer”, disse ele. “Caso contrário, eu simplesmente recuarei, e eles terão que seguir em frente.”

Essa possibilidade, no entanto, traz riscos significativos.

Se os EUA decidirem se retirar do conflito — como já sugerido pelo vice-presidente J.D. Vance e pelo secretário de Estado Marco Rubio —, isso significaria o fim do apoio militar e de inteligência à Ucrânia?

Caso isso ocorra, a Rússia, com seus recursos superiores, poderia se beneficiar da situação.

Essa perspectiva preocupa o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que afirmou: “É essencial que os Estados Unidos não se afastem das negociações e da busca pela paz”.

Trump, por sua vez, demonstrou frustração tanto com Putin quanto com Zelensky, à medida que as tentativas de resolver o conflito se prolongam.

Em fevereiro, durante uma reunião tensa na Casa Branca, ele acusou Zelensky de “apostar na Terceira Guerra Mundial”. Já em abril, declarou estar “muito irritado” com Putin devido à estagnação das negociações.

Apesar dos discursos, há sinais de que Ucrânia e Rússia estão abertas a algum tipo de diálogo — o que, após quase três anos de guerra, já representa um avanço.

Ainda não está claro, porém, se a delegação russa terá um peso maior do que a equipe de baixo escalão que se reuniu com representantes ucranianos em Istambul no dia 16 de maio.

Trump segue defendendo a redução de sanções à Rússia e novos acordos comerciais como incentivos para um acordo de paz — propostas reiteradas após a ligação com Putin.

Por outro lado, não houve menção a possíveis consequências caso o conflito persista, como novas restrições a bancos russos ou exportações de combustíveis.

No mês passado, o ex-presidente americano alertou que não permitiria que Putin o manipulasse e pediu que a Rússia evitasse ataques a civis.

Contudo, na mesma segunda-feira (19/05), o Kremlin lançou seu maior ataque com drones contra cidades ucranianas.

Diante disso, a conversa entre os dois líderes deixa claro que um cessar-fogo ou acordo de paz ainda parece distante.

Com informações de BBC*

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Last Update: 20/05/2025