O presidente Lula participou, nesta segunda-feira (19), no Palácio do Itamaraty, da abertura do II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural. O evento vai reunir, entre 20 e 22 de abril, mais de 40 delegações de países-membros da União Africana (UA), incluindo ministros de Estado, representantes de organizações internacionais, bancos multilaterais, instituições de pesquisa, cooperativas da agricultura familiar, bem como entidades privadas.

Lula começou o discurso destacando a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa sugerida pelo Brasil e adotada pelos membros do G20 para promover a segurança alimentar no mundo. Sob aplausos, o petista lamentou que, em pleno século 21, ainda existam 730 milhões de indivíduos que não tenham o que comer. 

“Essa é uma marca que nós não podemos esquecer, mas que nós precisamos, todo santo dia, falar pela manhã, falar pela tarde e falar pela noite. Porque quem está com fome não são aqueles que precisam nos ouvir. Quem está com fome são aqueles que precisam falar”, afirmou Lula, ao expor a necessidade de as pessoas terem o direito a, pelo menos, três refeições no dia. 

O presidente também fez um balanço dos esforços do Partido dos Trabalhadores (PT) para retirar milhões de brasileiros e brasileiras da fome e da pobreza. “Quando nós começamos, em 2003, tinham 54 milhões de pessoas no Brasil que passavam fome. Em 2012, nós conseguimos tirar o Brasil do mapa da fome. Quinze anos depois, eu volto à Presidência da República e nós tínhamos 33 milhões de pessoas passando fome outra vez”, contabilizou.

“A gente aprendeu que a fome não é por conta da natureza ou por conta de qualquer outro evento. Muitas vezes, a fome, ela é causada pela irresponsabilidade de quem governa os países, que não coloca a fome como prioridade para ser resolvida. Só não se preocupa com a fome quem nunca passou fome”, apontou Lula.

Dívida histórica com a África

O petista voltou a lembrar que o Brasil detém uma “dívida histórica” para com a África. “Nós devemos ao continente africano o que nós somos. A nossa cor, a nossa arte, a nossa cultura, o nosso jeito de ser, nós devemos há 350 anos que este país explorou uma grande parte do povo africano”, esclareceu, antes de reconhecer que essa dívida “não é mensurável em dinheiro”.

“O Brasil pode pagar em solidariedade, em transferência de tecnologia, para que vocês possam produzir parte daquilo que nós produzimos. Eu, há muito tempo, tenho interesse no continente africano, há muito tempo. Foi o continente que eu mais visitei”, prosseguiu.

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Lula relatou ainda que todas as parcerias com a África, como o envio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) a Gana e a construção da Universidade Aberta em Moçambique, foram desfeitas após o afastamento da ex-presidenta Dilma Rousseff. “Porque, na verdade, muita gente não quer enxergar o continente africano”, disse.

“Na minha concepção, a relação com o continente africano é outra. Na minha concepção, a África faz parte do Brasil. E o Brasil tem que ter orgulho de dizer que faz parte da África”, avaliou o presidente, momento em que foi ovacionado pelos presentes.

Diálogo Brasil-África

A primeira edição do Diálogo Brasil-África ocorreu em 2010 e serviu ao fortalecimento das relações com os países do continente, pautadas em laços históricos, valores compartilhados, solidariedade e respeito mútuo. 

O II Diálogo Brasil-África visa promover o intercâmbio de conhecimentos e experiências bem-sucedidas para aprofundar a cooperação do Brasil com a África e incrementar a produção alimentar nos países africanos. Busca, além disso, favorecer a reflexão sobre as experiências brasileiras no setor agrícola à luz das observações das delegações africanas.

Na terça (20), a programação prevê visitas de campo na capital federal para tratar de agricultura familiar, sistemas de integração, saúde do solo, acervo genético de hortaliças, bioinsumos, reuso de esgoto, entre outros temas. 

Em Petrolina, no Vale do São Francisco, na quarta (21), as delegações africanas aprenderão sobre tecnologias para convivência com a seca, rebanho resistente, agricultura irrigada e fruticultura tropicalizada.

Na sexta (22), o chamado “Diálogo de Alto Nível” expõe painéis sobre sistemas agroalimentares, pesquisa, desenvolvimento, inovação, políticas públicas e financiamento. 

Da Redação, com informações do MRE

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Last Update: 20/05/2025