Destituído da presidência da Confederação Brasileira de Futebol na semana passada, Ednaldo Rodrigues comunicou nesta segunda-feira 19 ao ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes ter desistido de tentar voltar ao cargo.
O cartola pediu ao magistrado que desconsidere a petição em que demandava a suspensão da ordem do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que o retirou do comando da entidade.
Declarou também não ser candidato na eleição de 26 de maio, que consagrará Samir Xaud como o novo presidente da CBF, e desejou “sucesso e boa sorte” aos próximos chefes da confederação.
Em uma estratégia para “sair por cima”, porém, Ednaldo mencionou o que considera avanços de sua gestão, a exemplo da contratação do italiano Carlo Ancelotti, “considerado o melhor treinador do mundo”, e a renovação do vínculo com a fornecedora de materiais esportivos Nike, com uma projeção superior a 1 bilhão de reais por ano até 2038.
“Este gesto, sereno e consciente, representa o esforço do peticionário em deixar para trás este último ato do litígio, rejeitar narrativas que ferem sua honra e de sua família, e reafirmar, diante dessa Suprema Corte, como sempre fez, seu compromisso com o respeito à Justiça, à verdade dos fatos e à estabilidade institucional da Confederação Brasileira de Futebol”, diz o documento da defesa de Ednaldo, assinado pelo advogado Gamil Föppel.
Na quinta-feira 15, a Justiça do Rio de Janeiro retirou Ednaldo da presidência da CBF e nomeou o então vice Fernando Sarney como interventor.
O desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, do Tribunal de Justiça fluminense, ordenou que Sarney realizasse a eleição para os cargos vagos “o mais rápido possível”. O pleito foi agendado para a próxima segunda-feira 26.
A ordem de Zefiro resulta de suspeitas de falsificação em uma das assinaturas do acordo — homologado pelo STF — que assegurava a permanência de Ednaldo. A dúvida recai sobre as condições físicas e cognitivas do vice-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes.
A robustez dos indícios, segundo o magistrado, “leva à inarredável conclusão acerca de um fato, até mesmo óbvio: há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade”. O desembargador decidiu, assim, anular o acordo que havia sido chancelado pelo Supremo.
Na petição em que desiste de retomar seu cargo, Ednaldo Rodrigues voltou a afirmar que a assinatura de Nunes é autêntica e que foi o próprio diretor-jurídico da CBF, André Mattos, quem pessoalmente “acompanhou e colheu a referida assinatura”.