‘A inteligência só pode ser conduzida pelo desejo. Para que haja desejo, é preciso que haja prazer e alegria. A inteligência só cresce e carrega frutos quando há alegria’
Simone Weil

Para mim, o momento que marcou a virada no processo de lawfare contra o presidente Lula foi quando Luiza Erundina foi ao Supremo Tribunal Federal e disse: basta!

Isso ocorreu quando tentaram transferir Lula da sede da Polícia Federal em Curitiba para a penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. A deputada, então, liderou um grupo de parlamentares que atravessaram, a pé, a Praça dos Três Poderes para reivindicar que aquele absurdo não se concretizasse, inclusive pelo risco de vida do então ex-presidente.

O protesto foi acatado pelo STF, permitindo que a Corte resgatasse a legitimidade à qual abdicara ao avalizar o golpe jurídico-parlamentar de 2016.

Pois bem, está na hora de dizermos a Israel: basta!

O mundo não pode continuar a assistir inerme ao genocídio em Gaza. O Brasil deve romper relações diplomáticas, econômicas e comerciais com Israel, que, sob o desgoverno de Bibi Netanyahu, tornou-se um Estado terrorista.

Vinte e quatro horas seria um prazo razoável para que os “diplomatas” israelenses deixassem o país — até mesmo porque muitos deles provavelmente são agentes do Mossad, o assassino serviço secreto israelense travestido de corpo diplomático.

Desenvolvamos nossa inteligência nacional. Com aquela judia, ucraniana, brasileira, pernambucana e carioca, Clarice Lispector, digamos: ‘Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome’.
Para isso, retomemos sempre dela: ‘Perder-se também é caminho’.

Sim, como em todas as nacionalidades, há bons e maus — e isso não é antissemitismo. Ambas as reflexões estão em exposição sobre a autora, na Estação Luz, em São Paulo.

Aliás, voando de São Paulo para o Rio, em dia claro, ou aterrissando em Congonhas pela cabeceira norte da pista, é possível ver o conjunto do Ibirapuera de cima: construções em volumes perfeitos, harmonicamente dispostas em meio ao verde, por um arquiteto — Oscar Niemeyer — que tinha aversão a voar, mas claramente o fazia com sua imaginação e criatividade, qual um deus astronauta.

Viajar ensina muito. As lições desdobram-se por si à nossa frente.

Estava no banheiro do aeroporto e vi um morador de rua. Estranhei que tivesse furado a vigilância da oligarquia local, tão avessa aos empobrecidos que gera e depois rejeita, com sua aporofobia.

Ao sair, encontrei-o mirando uma vitrine de lanchonete e me dispus a comprar-lhe um pão de queijo.

A lanchonete era da Nescafé. Sim, a transnacional suíça abriu cafés em dois dos principais aeroportos brasileiros: Congonhas e Santos Dumont.

Ou seja, a Petrobras não pôde manter a BR Distribuidora, segundo Bolsonaro e Paulo Guedes, para melhor se concentrar apenas no pré-sal. Um estelionato, quando se sabe que petroleiras e outras grandes empresas, como a Nestlé, devem ir da fonte à distribuição — do poço à bomba, no caso das petroleiras.

Mas, por isso, nem o genocida nem o ajudante de genocida são julgados, quando deveriam sê-lo.

Retomando a história: a caixa da Nescafé não tinha troco para R$ 20, para um pão de queijo que custava 12 reais. Tal a eficiência da gigante suíça…

Chegando ao Rio, comprei uma garrafinha de água em uma banca no Largo da Carioca, pelo honesto preço de 3 reais. Dei os 20 reais que não pudera gastar com a loja transnacional em São Paulo e recebi troco preciso. Elogiei o vendedor e relatei o que acontecera no templo da oligarquia paulista e helvética. Ao meu relato, brindou-me com sabedoria:
— Se fosse eu, nem abria a loja. Se não tenho troco, não abro.

Ainda mais abaixo na escala econômica — que, no Brasil, vai em sentido inverso ao social e humano —, eu estava em um ônibus urbano em Jundiaí, interior de São Paulo, quando entrou um vendedor de carregadores para celular. Ele os vendia a 10 reais, e vinham com fone de ouvido grátis. Mas o melhor viria em seguida. Ele dizia:
— Tenho troco para qualquer valor, mas, se não tiver, você leva o produto de graça.

Comprei o carregador. Funciona muito bem.

No domingo daquela manhã, saí caminhando pelo centro do Rio. Só, na maioria das ruas, às 9h. Passei pelo Palácio Capanema, que estava para ser reinaugurado. Não pude entrar, mas que felicidade ver a arquitetura de Niemeyer, os azulejos de Portinari e os jardins de Burle Marx: só para mim, na manhã chuvosa. Que sensação de resgate ao lembrar que o golpista queria vendê-lo! O maior símbolo do nascimento do modernismo no Brasil.

A pobre Rede Globo, sempre pronta a apoiar todo aquele que queira se apropriar do patrimônio público (seja ele Collor, FHC ou Bolsonaro), fez matéria sobre a reabertura do Palácio Capanema na qual disse que até um arquiteto francês participara do projeto. Risos. O tal arquiteto era ninguém menos do que o papa do modernismo: Le Corbusier — que não era francês, mas suíço (lá como cá, temos bons e maus cidadãos).

Os maus daqui, aliás, não dormem. Nunca.

No mesmo flanar pelo centro abandonado do Rio, deparei-me com estátua em homenagem merecida ao Visconde de Mauá, em frente à Associação Comercial — que, como a de São Paulo, é guarida certa da extrema direita. Um mimo a placa sob a estátua: reconhece, justamente, que ele fora o pai da revolução industrial brasileira, mas, malandra e desonestamente, agrega:
‘…gerando também, em grande escala, o primeiro embate entre o Estado e a livre iniciativa’.

Detalhe: nunca houve tal embate. A verdadeira guerra, como sempre, foi entre o capital imperial, oligopolista — da Inglaterra, no caso —, por meio dos banqueiros Rothschilds, que traíram Mauá da forma mais vil e com apoio do governo da pérfida Albion, roubando-lhe a sociedade na ferrovia Santos–Jundiaí, além dos suspeitíssimos incêndios que ocorreram em seus armazéns no Porto do Rio de Janeiro.

Como se vê, fake news são prática antiga. Esperemos que os vereadores do Rio busquem esclarecer mais essa mentira deslavada — cuja ideologia, de tão simplória, dispensa comentários, mas pode formar mentes distorcidas como as dos que colocaram ali a tal placa insidiosa.

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Last Update: 19/05/2025