Sob pressão do governo dos Estados Unidos, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu ordenou a entrada imediata de ajuda humanitária limitada na Faixa de Gaza, sem uma votação formal do Gabinete de Segurança, temendo oposição. Ministros da extrema direita expressaram discordância, mas foram ignorados.
O anúncio foi feito durante uma reunião do Gabinete de Segurança. A reunião foi encerrada logo após a declaração de Netaniahu. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, da extrema-direita, chegou a exigir uma votação, mas teve seu pedido negado.
Após o anúncio, Netaniahu, o secretário do governo Yossi Fuchs e o chefe do Estado-Maior Eyal Zamir deixaram abruptamente a reunião. Os militares haviam apresentado um relatório operacional, e os ministros puderam fazer breves comentários antes do encerramento da sessão.
Segundo a imprensa sionista, quando Ben Gvir reiterou o pedido de votação, o chefe do Conselho de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, repreendeu-o duramente, dizendo: “você está se rebelando”.
A decisão ocorre em meio à crescente indignação internacional diante da catástrofe humanitária em Gaza, onde mais de um milhão de palestinos enfrentam fome extrema sob o bloqueio imposto há meses por “Israel”. Segundo a emissora libanesa Al Mayadeen, os EUA teriam feito apelos diretos ao governo Netaniahu para permitir o acesso imediato de ajuda, alertando sobre consequências diplomáticas severas.
Autoridades da COGAT, agência israelense que administra a entrada de ajuda em Gaza, concordaram em caráter privado com as avaliações das organizações humanitárias, confirmando ao New York Times que muitos em Gaza estão a poucas semanas da fome. Os relatórios internos da COGAT se baseiam em dados em tempo real, incluindo estoques humanitários, conteúdo de caminhões de ajuda e contato direto com moradores.
As preocupações foram reforçadas pela ONU. Na segunda-feira (12), o mecanismo de Classificação Integrada de Segurança Alimentar em Fases (IPC), apoiado pela ONU, declarou que a fome em Gaza é iminente. O relatório alertou que, se “Israel” prosseguir com sua escalada militar planejada, “a vasta maioria das pessoas na Faixa de Gaza não terá acesso a comida, água, abrigo e remédios.”
A maioria das padarias fechou, cozinhas comunitárias estão sendo encerradas e o Programa Mundial de Alimentos já esgotou seus estoques.
Segundo o New York Times, o governo dos EUA está trabalhando com “Israel” em um plano para retomar a distribuição limitada de ajuda via organizações privadas em centros centralizados dentro de Gaza. Esses locais, que devem atender centenas de milhares de pessoas, seriam cercados por militares israelenses e patrulhados internamente por seguranças privados.
Entretanto, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários rejeitou o plano, alertando que isso colocaria os civis em maior risco ao forçá-los a percorrer longas distâncias por áreas potencialmente perigosas.
No sábado (17), o alto dirigente do Hamas, Taher al-Nounou, confirmou que uma nova rodada de negociações indiretas entre o grupo e “Israel” teve início em Doha, com ambas as partes entrando nas conversas “sem quaisquer pré-condições”.
Enquanto negociações indiretas por um cessar-fogo em Gaza têm sido feitas, as forças de ocupação israelenses iniciaram uma brutal ofensiva terrestre no norte e sul do território nesse domingo (18), marcando uma nova e brutal fase da escalada militar, sob a operação intitulada “Carruagens de Gideão”. A ação segue uma intensificação dos bombardeios aéreos, cujo objetivo seria enfraquecer a Resistência Palestina.