Enquanto os americanos adotam uma política de confrontos comerciais, a China libera ímãs estratégicos, reafirmando sua postura diplomática e pragmática
Enquanto a China demonstra pragmatismo e flexibilidade no controle de exportações de terras raras — essenciais para a indústria global de veículos elétricos e tecnologia —, os Estados Unidos, sob a sombra do legado agressivo de Donald Trump, insistem em uma política comercial baseada em sanções unilaterais e confronto. A recente decisão de Pequim de liberar licenças para a exportação de ímãs de terras raras, após semanas de avaliação estratégica, revela um país que, mesmo detendo quase o monopólio global desse mercado, opta pela moderação e pelo diálogo, em vez de estrangular cadeias produtivas por motivos geopolíticos.
Leia também: China afrouxa controle sobre ímãs e alivia montadoras
A China não nega seu domínio no setor de terras raras — extrai cerca de dois terços desses minerais e processa 90% do suprimento mundial. No entanto, diferentemente do que pregam os alarmistas ocidentais, Pequim não age de forma predatória.
A exigência de licenças para exportação, implementada em abril, foi uma medida de regulamentação justificável, não um bloqueio irracional.
Agora, com a liberação gradual de autorizações para empresas alemãs, norte-americanas e outras, fica claro que a China não pretende usar seu poderio mineral como arma de chantagem, mas sim como parte de uma estratégia de desenvolvimento mútuo.
Como destacou um fornecedor automotivo em Xangai, até mesmo montadoras ocidentais, como a Volkswagen, já começam a receber os componentes necessários.
Até Elon Musk, que dificilmente seria acusado de simpatizar com Pequim, reconheceu que a China não está impondo barreiras ideológicas, mas apenas buscando garantias de uso civil — algo perfeitamente razoável, considerando a aplicação militar desses materiais.
EUA de Trump: Guerra comercial e hipocrisia
Enquanto isso, os Estados Unidos, sob a administração Trump, aprofundaram uma guerra comercial baseada em tarifas abusivas e retórica antichinesa.
Ainda que a China não tenha vinculado suas restrições a uma retaliação direta, é inegável que as tensões foram inflamadas pela política agressiva de Washington, que tratou o comércio como um jogo de soma zero.
Trump, em seu mandato, não apenas ampliou sanções contra a China, mas também minou acordos multilaterais, favorecendo um nacionalismo econômico que prejudicou tanto os EUA quanto seus aliados.
A dependência ocidental das terras raras chinesas é, em grande parte, resultado da desindustrialização promovida pelo neoliberalismo — um modelo que a própria esquerda sempre criticou.
Agora, quando a China exerce seu direito de regular um setor estratégico, os EUA reagem com histeria, como se não fossem eles mesmos os campeões do protecionismo seletivo quando convém.
A esquerda e a necessidade de um novo paradigma
A postura chinesa deveria servir de lição para a esquerda global: é possível conciliar soberania nacional com cooperação internacional.
Enquanto os EUA insistem em uma abordagem belicosa, a China mostra que o controle estatal sobre recursos estratégicos não precisa significar isolacionismo. Pelo contrário, pode ser um instrumento para negociações mais equilibradas.
A esquerda deve rejeitar a narrativa de “ameaça chinesa” propagada por Washington e pelas elites corporativas. Em vez disso, deveria pressionar por políticas industriais que reduzam a dependência extrema de qualquer país — não por meio de confronto, mas de investimento em tecnologia e produção sustentável.
A China, ao menos, está disposta a negociar. Já os EUA, sob lideranças como a de Trump, só sabem ameaçar.
Enquanto Pequim abre a torneira das exportações de forma calculada, Washington continua fechando portas com políticas que beneficiam apenas o complexo industrial-militar.
A escolha é clara: cooperação ou caos. A China, mesmo com todos os seus desafios internos, parece estar escolhendo o primeiro caminho. E a esquerda mundial deveria tomar nota.