André Frateschi faz televisão, cinema, teatro e música, arte em que começou há muito tempo, com um tributo a David Bowie. Lançou seu primeiro disco autoral em 2014, intitulado Maximalista, e um ano depois assumiu os vocais da banda Legião Urbana, com a presença dos fundadores Dado Villa-Lobos, na guitarra, e Marcelo Bonfá, na bateria.
No início deste ano, Frateschi formou a bando Undo, com Rafael Mimi (guitarra), Johnny Monster (guitarra), Dudinha (baixo) e Rafael Garga (bateria). O grupo prepara um disco de inéditas para agosto, com faixas em parceria com expoentes dos anos 1980, como Leoni e Villa-Lobos.
Com Dado, Frateschi tocará na abertura de alguns dos shows da turnê de 40 anos do Paralamas de Sucesso. A primeira apresentação será em 31 de maio, em São Paulo.
“Cresci ouvindo rock nacional. Paralamas, Legião e Titãs são muito importantes para mim”, diz André Frateschi em entrevista a CartaCapital. Segundo ele, o repertório do show de abertura deve incluir músicas do Legião e da carreira solo de Dado Villa-Lobos.
Sobre a Undo, ele afirma se tratar uma ideia “absolutamente maluca”, em referência à decisão de montar um grupo de rock a esta altura. Sente, porém, ventos que apontam a retomada de protagonismo do rock.
“O mundo vive um momento tão tenebroso, com a ascensão da extrema-direita, que o rock se faz necessário de novo”, avalia. “Tem muitas bandas surgindo, como há muito não acontecia. E há bandas consagradas lançando discos relevantes. O movimento está se renovando mais uma vez.”
Segundo André, sua nova banda possui duas características fortes: um punk “mais cru” e a melancolia do pós-punk. A ótima Undo tem a sonoridade da primeira fase do rock nacional, no início dos anos 80, e influências de bandas estrangeiras como The Cure, Depeche Mode e Echo & The Bunnymen — além de outras mais recentes, a exemplo de Fontaines D.C. e Yard Act.
O último dos três singles lançados pela Undo se chama Porcos Não Olham pro Céu. “Fomos pegos de assalto/ Acordados com tapas na cara” diz um trecho da canção, produzida a partir dos anos obscuros na história recente do País.
Segundo Frateschi, o Brasil passa por um momento de despertar e a banda carrega essa preocupação. Neste contexto, ele tem exercitado o seu lado compositor e diz que sentia falta de letra e de poesia.
As três músicas já lançadas indicam que o primeiro disco da banda ocupará um espaço no rock com influências do punk, com letras mais maduras e menos pueris. O som do grupo está bem arrumado, com um time experiente. O álbum da Undo promete.
Assista à entrevista de André Frateschi a CartaCapital: